Agenda Aparecida 2050

As soluções para a
Aparecida do futuro

Projeto do jornal O POPULAR, em parceria com a Prefeitura de Aparecida de Goiânia, o Agenda Aparecida 2050 desenvolverá um planejamento colaborativo para o futuro do município. Por meio de fóruns, moradores e representantes da administração pública vão debater soluções para a cidade para os próximos 30 anos. O primeiro evento foi realizado na região da Cidade Livre/Tiradentes.
Textos: Aline Bouhid, Karine Rodrigues, Luísa Gomes,
Samuel Straioto, Wanessa Rodrigues e Warlem
Sabino

Futuro da região em debate

Especialistas, palestrantes e moradores discutem medidas para melhorar a qualidade de vida
Duas das regiões mais tradicionais, adensadas e antigas de Aparecida de Goiânia, a Cidade Livre e o Tiradentes estreiam o primeiro fórum do projeto Agenda Aparecida 2050, realização do jornal O POPULAR com apoio da prefeitura municipal. Durante mais de quatro horas, especialistas, moradores e representantes da administração pública discutiram, no último dia 23 de novembro, medidas para melhorar a qualidade de vida nos 24 bairros que compõem a região.

“Queremos programar o desenvolvimento da cidade para os próximos anos, e trabalhar em conjunto facilita e muito a tomada de decisão. Da minha parte e da Prefeitura de Aparecida, temos ansiedade para que fóruns e debates possam tornar nosso município ainda mais atrativo para as gerações futuras. Espero que possamos fazer um trabalho propositivo para Aparecida para os seus próximos 30 anos”, afirmou o prefeito Gustavo Mendanha.

Em outubro, entre os dias 25 e 29, pesquisadores do Fortiori Pesquisas, Diagnóstico e Marketing foram a campo para realizar 350 entrevistas com a comunidade local. O objetivo principal foi identificar o perfil dos moradores, aferir os principais problemas e potencialidades da região e do próprio município. Os resultados finais balizaram a discussão sobre medidas a serem adotadas para combater os principais problemas de Aparecida, melhorar a qualidade de vida de seus moradores e projetar o futuro da cidade.

A pesquisa Fortiori identificou que o maior problema na região da Cidade Livre/Tiradentes é a segurança pública. 82% dos entrevistados disseram sentir sensação de insegurança nos bairros, enquanto que apenas 14% afirmaram se sentir seguros. Há 10 anos, em estudo semelhante, 78% dos entrevistados disseram se sentir inseguros. A margem de erro máxima da pesquisa, segundo o Fortiori, é de 4,9%.

Todos juntos pelo município

Projeto Agenda Aparecida 2050 visitará 105 bairros e ouvirá 2,1 mil pessoas
O projeto Agenda Aparecida 2050, realizado pelo jornal O POPULAR, em parceria com a Prefeitura de Aparecida de Goiânia, tem como objetivo pensar a cidade para os próximos 30 anos, e ser um planejamento estratégico para dar suporte às decisões da administração pública no período. Seis fóruns serão realizados para discutir as necessidades do município e apresentar soluções inteligentes para situações mais emergentes. Esses eventos terão participação da população, sociedade civil, instituições de ensino, estudantes e especialistas de vários campos de estudos.

O Agenda Aparecida 2050 defenderá um amplo estudo, que será realizado em seis fóruns, com palestras e debates para a definição de ações rumo ao desenvolvimento, ao crescimento sustentável e a melhores condições de vida para o aparecidense. Antes de cada fórum serão realizadas pesquisas, levantamentos de aspectos como o desenvolvimento econômico; saúde; educação; segurança, entre outros, traçando um diagnóstico completo para auxiliar as discussões de grupos de trabalhos. 

“O Agenda Aparecida vai nos permitir planejar a cidade que queremos e discutir, coletivamente, a elaboração de práticas inovadoras para o futuro de Aparecida”, destacou o secretário da Casa Civil de Aparecida de Goiânia, Olavo Noleto. “Nossa cidade merece uma mudança pensada”, afirmou o presidente da Associação Comercial e Industrial de Aparecida de Goiânia, José Luiz Celestino.

Os seis fóruns abrangerão bairros das regiões do Centro, Sítio Santa Luzia, Vila Brasília, Papillon Park, Garavelo e Cidade Livre/Tiradentes. O projeto começou pela Cidade Livre/Tiradentes, em outubro, e deve ser encerrado no primeiro semestre de 2020. A pesquisa ouvirá, ao final das seis rodadas, 2,1 mil pessoas em 105 bairros.

História
O Agenda Aparecida 2050 é uma reedição do projeto Aparecida Minha Cidade, realizado pelo jornal O POPULAR em 2009/2010. Naquela época, o Minha Cidade mapeou as principais necessidades nas seis regiões do município e estabeleceu alternativas de crescimento econômico e desenvolvimento social até 2020. De lá para cá, houve inúmeros avanços em Aparecida, especialmente em infraestrutura.
PIB salta mais de 200% em nove anos
Aparecida de Goiânia é a segunda cidade mais populosa de Goiás - 578 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O município é considerado a 17ª maior cidade do País, com exceção das capitais, com PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 11,9 bilhões – atrás apenas de Goiânia e Anápolis, no Estado. Para efeito de comparação, em 2009, o PIB de Aparecida era de R$ 3,8 bilhões – salto de 213% em nove anos.

A força econômica vem da industrialização, processo iniciado na década de 1990, com a criação de polos empresariais e industriais. Atualmente, a cidade conta com sete polos: Empresarial Goiás (complexo de comércio e de serviços); Industrial Vice-presidente José Alencar; Empresarial Goiás; Distrito Municipal Agroindustrial de Aparecida de Goiânia (Dimag), o Distrito Industrial de Aparecida de Goiânia (Daiag), Polo de Reciclagem e o All Park Empresarial (privado). 

Existem ainda cinco polos em processo de projeto, como o de Micro e Pequenas Empresas (municipal); Global Park (privado); Aparecida Business Log (ABL – privado); o Complexo Logístico, Industrial e Alfandegário (CLIA – privado); e o Complexo Empresarial Metropolitano (CEM – estadual).

Hoje, Aparecida conta com aproximadamente 48 mil empresas ativas (CNPJs), sendo 26 mil comércios, 17 mil empresas de serviços e 4,5 mil indústrias. Nos últimos quatro anos, houve crescimento de 15 mil novas empresas na cidade. “Estamos investindo em infraestrutura, educação, modernização da saúde pública e na construção da Aparecida que queremos!”, definiu o prefeito Gustavo Mendanha.

Até o final de seu mandato, em 2020, o prefeito prometeu investir, aproximadamente, R$ 400 milhões em obras na cidade. “A nossa trajetória de crescimento, em número de habitantes, imóveis, condomínios, shoppings, comércios, indústrias e empresas de grande porte tem atraído cada vez mais pessoas para se fixarem por aqui. Somos a cidade da vez, que está consolidando sua importância a nível nacional, e tenho a certeza que vamos avançar muito mais”, finalizou Mendanha.
Aparecida de Goiânia
578.179 habitantes (2019)
11,9 bilhões de reais é o PIB (2018)
48 mil empresas ativas (CNPJs)
17ª maior cidade do País, exceto capitais


Redução da criminalidade passa pela transformação do ambiente

Delegada regional sugere aperto na fiscalização de bares e distribuidoras, melhoria na iluminação pública, proteção das escolas e facilidade de acesso ao esporte, cultura e lazer
A merendeira Ângela Maria, 59 anos, mora no Jardim Tiradentes, em Aparecida de Goiânia, há exatos 29 anos, ou seja, desde que o bairro foi criado pelo ex-governador Henrique Santillo em 1990. De lá para cá, ela acompanhou de perto a evolução do setor. Viu a poeira ir embora e dar lugar ao asfalto; viu chegar os postes com iluminação pública, as escolas, creches e linhas de ônibus. “O bairro se transformou em três décadas”, afirma. No entanto, nem tudo melhorou no setor: a segurança pública continua um problema sério.

“Precisamos de mais postos policiais e viaturas no Tiradentes. A parte de baixo do setor, por exemplo, é muito perigosa, tem muito tráfico de drogas. Todo mundo tem medo de andar por lá. Eu, graças a Deus, nunca fui assaltada, mas morro de medo de andar na rua. Esses motoqueiros que roubam a gente estão por todo lado”, afirma a moradora. 

Segurança pública, de fato, é o principal problema da região da Cidade Livre/Tiradentes. Segundo pesquisa do Instituto Fortiori, 82% dos entrevistados disseram sentir sensação de insegurança nos bairros da região, enquanto que apenas 14% afirmaram se sentir seguros. Há 10 anos, em estudo semelhante, 78% dos entrevistados afirmaram se sentir inseguros. Situação que só piorou em uma década.

E para tentar dar uma guinada nessa situação, o jornal O POPULAR, em parceria com a Prefeitura de Aparecida de Goiânia, realizou o primeiro fórum do projeto Agenda Aparecida 2050, que desenvolve um planejamento colaborativo para o futuro do município. Na manhã do último dia 23 de novembro, moradores, especialistas e representantes da administração pública debateram soluções para a cidade para os próximos 30 anos.

O tema segurança pública foi o carro-chefe do Agenda Aparecida 2050, que reuniu, aproximadamente, 300 moradores na Escola Municipal de Educação Integral Monteiro Lobato, no Jardim Tiradentes. Delegada regional de Aparecida, Cybelle Silva Tristão foi uma das debatedoras, ao lado do secretário de Mobilidade e Defesa Social do município, Roberto Cândido da Silva. 
Cybelle Tristão lembrou que a região da Cidade Livre/Tiradentes, estatisticamente, é a mais violenta do município, seja pelos casos de homicídio, violência contra a mulher ou tráfico de drogas. “Eu acompanho as estatísticas em todas as regiões da cidade. Essa, infelizmente, é a mais violenta. Os crimes têm acontecido, especialmente, em bares e distribuidoras de bebidas alcoólicas. E, na maior parte das vezes, relacionados ao tráfico de drogas.”

O debate, no entanto, não se pautou apenas pela problemática. Os especialistas e moradores apontaram sugestões para melhoria na segurança pública, como pediu a merendeira Ângela Maria por mais viaturas e postos policiais. Mas a delegada foi mais longe. Estudiosa da questão, Cybelle Tristão afirmou que, quando se fala em criminalidade, existe o autor, a vítima e o ambiente. “Se o ambiente proporciona ou facilita a criminalidade, não vamos evoluir para redução da violência”, sentenciou.

Dentre as sugestões de intervenção no ambiente da região da Cidade Livre/Tiradentes, a delegada pediu fiscalização rigorosa nesses bares e distribuidoras. “Muitos são instalados apenas de fachada, apenas como pontos de droga e de prostituição. Tem rua aqui no Tiradentes, muito pequena, que tem mais bares e distribuidoras que nas avenidas centrais da cidade.”

Outras duas intervenções sugeridas foram melhoria na iluminação pública, pois, segundo ela, “o bandido sempre agirá onde não possa ser identificado”, e mais acesso a atividades de cultura, esporte e lazer. “Precisamos revitalizar, urgente, as áreas de lazer da região. Dar à juventude acesso a esses espaços e acessos a programas educativos.”

Perímetro escolar
Outra medida que poderia colaborar com a redução da violência, segundo Cybelle Tristão, seria a criação de uma área de proteção em torno das escolas, proibindo a instalação de bares e distribuidoras de bebidas alcoólicas. “Já flagramos crianças e adolescentes com bebidas alcoólicas dentro de sala de aula. Bebida adquirida na esquina da escola. Isso não pode continuar.”
O perímetro, segundo a delegada, seria de 200 metros em torno das escolas, com fiscalização realizada pela Guarda Civil e Polícia Militar, por meio de convênio com a Secretaria de Segurança Pública. 
Revitalização do Parque Bambu
Presente no primeiro fórum do Agenda Aparecida 2050, no Jardim Tiradentes, o prefeito Gustavo Mendanha afirmou que tem projetos para melhorar o ambiente da região. Segundo ele, o Parque Bambu, que fica ao lado da Escola Municipal de Educação Integral Monteiro Lobato, onde foi realizado o debate, será revitalizado. O local ganhará bases da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e da Polícia Militar (PM), além de pistas para caminhada, ciclismo, skate, campo sintético, quadra poliesportiva e academia ao ar livre.
“Estamos aguardando também, por parte do governo do Estado, a devolução do ginásio de esportes do Tiradentes. Assim que ele for devolvido, vamos fazer uma reforma e colocá-lo, gratuitamente, à disposição da comunidade da região”, revelou o prefeito. Outra boa notícia à comunidade da região é a instalação de lâmpadas de LED nos postes de iluminação pública. “Várias avenidas nessa região serão beneficiadas”, garantiu.

O segredo é a prevenção

Para secretário, integração entre forças de segurança e participação da comunidade são os caminhos para a redução da violência
Pesquisa Fortiori realizada na região da Cidade Livre/Tiradentes mostrou que 62% dos entrevistados acreditam que a melhor forma para reduzir a violência é colocar mais policiais na rua. Para 34%, é necessário ampliar o número de viaturas circulando pelos 24 bairros da região. No entanto, para o secretário de Mobilidade e Defesa Social de Aparecida de Goiânia, Roberto Cândido da Silva, o melhor caminho para reduzir a criminalidade é a prevenção, seguido de mais participação da comunidade nas ações de segurança.

“Acredito que o modelo de segurança pública de colocar viatura na rua, prender bandido, conduzir para a delegacia e realizar os trâmites jurídicos deixou de ser eficaz há anos. O caminho é a prevenção. O caminho é a participação da sociedade, especialmente no planejamento das ações de segurança pública. Só assim conseguiremos resultados melhores”, afirmou, durante debate no primeiro fórum do projeto Agenda Aparecida 2050, realizado no Jardim Tiradentes, na manhã do último dia 23 de novembro.

Roberto Cândido lembrou que é morador da região e conhece a fundo o problema da violência – ele integra a Guarda Civil Metropolitana há 14 anos. Segundo o secretário, é necessário conhecer a raiz do problema, o que passa pelo apoio da comunidade local. “Não existe segurança eficaz com um único órgão trabalhando. Precisamos do envolvimento de todos. A Guarda Civil participa de ações integradas com outras forças de segurança na cidade com resultados fantásticos. Mas, nesse contexto, a população é imprescindível. Existem situações que apenas o morador consegue enxergar. Ele pode nos ajudar com o melhor caminho para trabalharmos na prevenção.” 

O secretário lembrou que as ações preventivas não se baseiam apenas em reprimir o tráfico de drogas, fechamento de bares e distribuidoras de bebidas alcoólicas. “Essas ações precisam vir de todos os lados. Ações preventivas de lazer, culturais e educacionais. É ocupar a cabeça de nossos jovens. Aconselho que a nossa comunidade nos ajude. Que procure formas de participar da segurança pública.”

Roberto Cândido aproveitou para elogiar o projeto Agenda Aparecida 2050, especialmente pelo envolvimento da comunidade. “Isso aqui é um marco para a melhoria de nossa cidade, de melhoria nos serviços públicos. Se fizermos um bom planejamento agora, com certeza, em 2050, teremos uma excelente Aparecida de Goiânia.”

Enfrentamento do crime
Durante o fórum no EMEI Monteiro Lobato, os debatedores foram perguntados pelo público presente se concordavam com uma política de enfrentar a violência com mais violência. A delegada regional de Aparecida de Goiânia, Cybelle Silva Tristão, se mostrou contrária ao recrudescimento da violência. “Temos de tratar os criminosos de maneira rígida, séria e severa, mas não de maneira violenta. As forças policiais têm os próprios controles, além do controle externo, feito pelo Ministério Público, para que as ações policiais não sejam realizadas de maneira truculenta e violenta. Combate-se violência com conscientização, educação e trabalho rígido e eficaz de prisões. Temos orientado nossos policiais que atuem dessa forma.”

O secretário Roberto Cândido disse não pensar diferente da delegada de Polícia Civil. “Até porque o carro-chefe da Guarda Civil é a prevenção. Acreditamos muito no resgate de nossas crianças e adolescentes. Acho que é uma forma mais eficaz para diminuir a criminalidade. Mas, se for preciso dar cadeia, vamos dar cadeia, não tem problema, mas dentro do limite da lei e da ordem.”

Delegacia da Mulher
Outro tema que veio do público foi o pedido de criação de mais delegacias da mulher em Aparecida. A delegada Cybelle Tristão revelou que a prefeitura municipal doou um terreno no Setor Veiga Jardim. No local será construída a sede própria da Delegacia da Mulher, com recursos federais. A obra deve ser iniciada no próximo ano. “Além de a região ser muito estratégica, a Delegacia da Mulher vai funcionar 24 horas por dia. Será um avanço muito grande, uma vez que o crime contra a mulher é social e, por isso, atinge toda a sociedade.”

Videomonitoramento funciona em dezembro
O sistema de câmeras de videomonitoramento, em implantação pela Prefeitura de Aparecida, começa a funcionar em dezembro. O anúncio foi feito pelo prefeito Gustavo Mendanha, durante o projeto Agenda Aparecida 2050. O sistema de inteligência, inclusive, foi um dos temas do fórum no Jardim Tiradentes. O público queria conhecer melhor o projeto e saber se realmente vai contribuir para a redução da criminalidade na cidade.

“Hoje, em lugar nenhum do mundo, você consegue colocar um policial ou guarda civil em cada rua, escola, creche, praça ou qualquer outro espaço público ou privado. Com as câmeras, vamos poder monitorar tudo de dentro de uma central e poderemos atender a comunidade o mais rápido possível. Teremos uma câmera próxima a cada prédio público da cidade”, afirmou o secretário de Mobilidade e Defesa Social, Roberto Cândido da Silva.

Outra colocação do público presente foi sobre o mau funcionamento das câmeras já instaladas na cidade. Segundo o prefeito, o problema está sendo resolvido com a instalação de 540 quilômetros de cabos de fibra ótica. “Um de nossos projetos é tornar Aparecida de Goiânia uma cidade inteligente. Porém, estávamos esbarrando nos problemas de conexão. Para que essas câmeras e outros sistemas inteligentes funcionem, precisamos de conexão de altíssima velocidade. E, nem sempre, as empresas de telefonia se interessavam em passar cabos de fibra ótica em todos os bairros. Eles só passam nos bairros rentáveis. Por isso, decidimos fazer o trabalho por conta própria”, revelou.

O projeto Cidade Inteligente prevê a instalação de 600 câmeras de videomonitoramento com inteligência artificial. Elas possuem um moderno sistema “Olhos de Águia”, que é um software que faz a identificação de rostos e placas de veículos e serão instaladas em pontos estratégicos da cidade como avenidas de grande fluxo e manchas criminais. Esses equipamentos farão a vigilância tanto do patrimônio público quanto da população.

Educação: eixo central para o desenvolvimento

Para um problema abrangente como a violência, a escola é o espaço de excelência
Quando se fala em um planejamento em longo prazo e se o objetivo é combater os índices de violência, a escola deve ser o eixo central dos investimentos. A essa conclusão chegou o grupo de trabalho que debateu Desenvolvimento Sociocultural no fórum Agenda Aparecida 2050, realizado no Jardim Tiradentes. Composta por professores, estudantes de Psicologia, Pedagogia e Segurança Pública, representantes do poder público, moradores da região e pais de alunos da Emei Monteiro Lobato, a equipe debateu aspectos como inclusão social, cultura, lazer, esportes e segurança.

“O problema é muito abrangente: passa pela fome, pela violência doméstica e pelas drogas. Para nós, a solução seria tirar os jovens da ociosidade, da vulnerabilidade das ruas e colocar ele na escola para pensar em um futuro melhor do que ele vivencia hoje”, avaliou a professora Welina Fabiana Vieira Borges.

Diretor do Sesi Senai de Aparecida de Goiânia, Adair Prateado destacou que a abrangência do problema requer um espaço múltiplo como a escola, para a ancoragem de ações de desenvolvimento. “A escola tem essa abrangência e consegue incorporar arte, cultura, saúde preventiva, ensino profissionalizante, esporte e muito mais. Se investirmos nossos recursos nisso e na qualificação dos professores, conseguiremos resolver os problemas apresentados na pesquisa”, acredita.

Para o coronel Mauro Sales Araújo, coordenador do curso de Segurança Pública da Faculdade Alfredo Nasser (Unifan), morador da região e com ampla vivência no combate à violência em Aparecida, a cultura de paz tem raízes na Educação. “A Segurança Pública ainda é um assunto muito mais ligado à área jurídica do que às questões socioculturais. O que melhorou nessa região não foi só a intensificação do policiamento, mas a instalação de ginásio, do comércio, de escolas. É nesse sentido que temos que continuar atuando”, apontou.

Valorização da escola
Sendo a escola o espaço de excelência para o desenvolvimento social, o grupo ressaltou a importância da concentração de investimentos na Educação. Muito além da infraestrutura o grupo acredita que o fator-chave para a mudança está na valorização dos professores: “Não adianta colocar tecnologia, robótica e tempo integral nas escolas, se não valorizar o professor e pagar melhor para que ele tenha tempo e recursos para se desenvolver e ampliar sua qualificação” argumentou a coordenadora do curso de Pedagogia da Unifan, Rosy-Mary Magalhães.

Destacando a realidade nas escolas, os professores presentes levantaram a necessidade de apoio psicoterapêutico aos alunos e às famílias, em especial às mães. Uma solução proposta foi a de que os estudantes da rede pública tenham atendimento prioritário nos centros de saúde municipais, para o diagnóstico e tratamento de transtornos mentais como depressão, ansiedade, hiperatividade e déficit de atenção.

Parcerias
Dentre as propostas apresentadas pelo grupo, as parcerias público-privadas se destacaram como impulsor necessário para a concretização de ações. Um dos exemplos dados foram parcerias com comércio e indústrias da região para a criação de oportunidades que viabilizem a formação de nível técnico e facilitem a inserção do jovem no mercado de trabalho local.

Neste sentido, os participantes também reforçaram a necessidade da integração entre os órgãos municipais em propostas como a realização de intercâmbio entre os diretores das escolas e realização de simpósios da educação municipal. “A cultura transforma. Temos bons resultados com o uso de espaços públicos de escolas municipais nos períodos noturnos para o desenvolvimento de projetos culturais. É um caminho possível, não precisamos esperar investimentos em obras de infraestrutura”, propôs Célia Landin, presidente da Organização Não-Governamental (ONG) Ponto de Cultura Bem Viver.

Landin teve o apoio dos presentes ao destacar que Aparecida de Goiânia é uma cidade multicultural e, por isso, faz-se necessária a promoção de atividades variadas como o esporte, a dança, a música e as artes plásticas. “A criança que se movimenta é mais saudável, então a cultura é um investimento de prevenção também. A criança que dança não quer usar droga, ela quer ser bailarina”, disse.

Propostas para o desenvolvimento sociocultural
• Reativação dos conselhos de segurança e dos simpósios de educação;
• Abertura das escolas e ginásios em horários alternativos para a realização de projetos culturais;
• Incentivo à produção cultural nos bairros;
• Parcerias com indústria e comércio para criação de oportunidades de emprego para jovens aprendizes;
• Incentivo à formação e ampliação da política salarial do professor, tendo como contrapartida o desenvolvimento de pesquisas científicas;
• Cmeis para as crianças em seus próprios bairros;
• Atendimento psicossocial para alunos, pais, mães solo e professores.

Qualificação de mão de obra é desafio

Região precisa avançar em capacitação, inovação e excelência na prestação de serviços públicos
Polo Empresarial sofre com falta de mão de obra local qualificada
A criação de polos industriais, investimentos nas áreas de comércio e serviços e o aumento no número de faculdades mudaram o perfil de Aparecida de Goiânia. O município tornou-se destaque no Estado no que se refere à geração de empregos e atração de novos investimentos. Mas, para manter o desenvolvimento econômico da cidade nos próximos anos, representantes dos setores público e privado e moradores da região acreditam que é necessário avançar em inovação, excelência na prestação de serviços públicos e, principalmente, na qualificação de mão de obra local.

Os pontos de melhoria foram apresentados durante o grupo de trabalho Desenvolvimento Econômico, mediado pelo professor Júlio Cesar Valandro Soares, diretor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás - Campus Aparecida de Goiânia (FCT/UFG). Segundo observou o docente, durante as discussões ficou bem claro que a Educação é a base para o crescimento socioeconômico. Isso porque a maioria dos participantes do debate condicionou a continuidade do processo de desenvolvimento de Aparecida à qualificação profissional.

O discurso de que somente por meio da Educação será possível alavancar a economia da cidade nos próximos anos foi expresso, pelos participantes do grupo, no sentido de que é necessário qualificar a mão de obra local. A ideia, apresentada por moradores, professores, universitários e representantes do poder público, é reverter o quadro atual em que a maioria das pessoas que atua na cidade, principalmente em funções especializadas, mora fora do município. Ou seja, apesar da demanda, Aparecida de Goiânia ainda não tem mão de obra qualificada. 

O estudo da Fortiori Pesquisas, por exemplo, mostra que quase metade dos moradores da região do Jardim Tiradentes (48,7%) tem apenas o segundo grau completo. Para mudar esse cenário, os debatedores acreditam que é necessário promover ações de conscientização da população local sobre a importância da qualificação. Além disso, para que as pessoas tenham conhecimento dos cursos disponíveis na cidade e das ferramentas que podem ser utilizadas no processo de formação profissional.

As campanhas de sensibilização, conforme apontaram os debatedores, devem envolver não só o poder público, mas também entidades, escolas, igrejas e outras instituições. A promoção de parcerias também seria utilizada para incentivar o empresariado local (hoje são 40 mil CNPJs na cidade), a investir em formação empreendedora. Além de ações educativas sobre empreendedorismo com o público jovem e infantil.

Durante o debate, o coordenador do Sebrae Regional Aparecida de Goiânia, Éder José de Oliveira, observou que o município tem como diferencial o incentivo ao empreendedorismo e a consequente geração de empregos. Porém, salientou que um dos problemas no que diz respeito às capacitações, é que o setor de Comércio e Serviços na cidade é bastante pulverizado. Situação que dificulta o acesso dos empreendedores aos locais que disponibilizam qualificação.

Nesse sentido, a solução apresentada pelo grupo de trabalho é a promoção de ações para levar a capacitação aos bairros da cidade, por meio de parcerias com entidades e o poder público. Dessa forma, seria possível despertar ainda mais o empreendedorismo local e potencializar o que já existe no município. 

Ações discutidas no grupo de trabalho
Poder público
Um dos pontos destacados é a importância do poder público como elemento impulsionador no processo de desenvolvimento. Isso engloba a qualificação de servidores para a busca de excelência nos serviços prestados. Uma das propostas é que se realizem, de forma periódica, treinamentos desse pessoal. Além disso, o grupo de trabalho apontou que essa excelência deve estar atrelada à desburocratização e transparência. 

Inovação
Outra questão levantada foi em relação à inovação, no sentido de agregar conhecimentos tecnológicos ao desenvolvimento econômico da cidade. Nesse ponto, os debatedores também citaram a qualificação como elemento fundamental. Isso porque, na utilização de tecnologias de ponta, é necessário mão de obra capacitada.

Criação de polos
Marcos Alberto Luiz de Campos, ex-presidente da Associação Comercial e Industrial de Aparecida de Goiânia (Aciag), lembrou que o crescimento do município caminha a passos largos e que, nos últimos 20 anos, famílias e empreendedores enxergaram boas oportunidades no local. Para manter esse desenvolvimento, ele propôs a criação de um polo voltado para micro e pequenas empresas, com estrutura que ofereça conforto e ordenação para o setor e, consequentemente, para que as empresas prosperem.  

Potencial logístico
Além das discussões sobre a adoção de medidas para os próximos anos, o grupo de trabalho ponderou sobre o potencial logístico de Aparecida de Goiânia. Por sua localização geográfica, a cidade tem posição estratégica e pode usar essa característica para o desenvolvimento de novos negócios. Conforme os debatedores, pensar em logística hoje é uma vantagem competitiva. E, ao desenvolver um projeto nesse sentido, a cidade pode atrair empresas em nível nacional.

Coleta seletiva precisa se tornar hábito

Moradores discutem desafios da reciclagem na região da Cidade Livre/Tiradentes
Projeto escola de resíduo zero, compostagem, hortas urbanas em terrenos baldios, miniparques e estímulos financeiros para que as pessoas separem o lixo. Essas foram algumas das mais de 20 sugestões apresentadas durante o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental dentro do projeto Agenda Aparecida 2050, realizado no último dia 23 de novembro, no Jardim Tiradentes, em Aparecida de Goiânia. 

Coordenado pelo professor Antônio Pasqualetto, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, o grupo de trabalho debateu ainda sobre os desafios da reciclagem e da universalização da coleta de esgoto na região, já que muitos bairros ainda utilizam fossa séptica. Maycon Borges de Paula, morador do Setor Colina Azul, explica que, mesmo tendo esgoto (recente) na região, a rede necessita de manutenção. “Neste período de chuvas, as ruas do meu bairro vivem com mau cheiro. Parece que o esgoto escorre pelas ruas. Quando eram fossas, ao menos não tinha esse fedor”, detalha. 

Grande parte das discussões girou em torno da necessidade de transformar a coleta seletiva em hábito. Para que ela aconteça, a primeira etapa começa justamente com o cidadão, que precisa estar conscientizado sobre a necessidade de separar o lixo dentro de casa e estar educado em como fazer essa separação de maneira correta. “A partir do momento em que não há essa preparação dentro de casa, toda a sequência na cadeia da reciclagem acaba sendo prejudicada”, explica Pasqualetto. 
Pesquisa do Instituto Fortiori mostra que mais de 45% dos moradores da região têm o hábito de separar latas de alumínio e que 43% deles sempre separam as garrafas plásticas. O problema é que as pessoas que afirmam que nunca fazem isso correspondem a 46% e a 48%, respectivamente.

Plástico
Estudos recentes indicam que o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. O País também é um dos que menos recicla esse tipo de material: apenas 1,2%, ou seja, 145.043 toneladas. A produção de lixo acaba crescendo mais que a sustentabilidade no País.

Os resíduos sólidos urbanos abrangem tanto o lixo doméstico quanto a limpeza urbana - coletados nas cidades pelos serviços locais. Sobre isso, Regis Inácio Borges, ex-diretor de resíduos sólidos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e, atualmente, diretor na Secretaria de Meio Ambiente de Aparecida, informou que existe a coleta seletiva de lixo na região da Cidade Livre/Tiradentes. Moradoras que integraram o grupo de trabalho argumentaram, no entanto, que desconhecem o serviço e que talvez ele precise ser mais difundido e com horários estabelecidos. 

Atualmente, de acordo com dados oficiais da pasta, a coleta seletiva atende mais de 90 bairros da cidade, dentre eles Garavelo, Bairro Ilda, Centro, Vila Mariana, Setor Araguaia, Cruzeiro do Sul, Jardim Luz, Residencial Brasicon, Conjunto Estrela do Sul, Vila Brasília e Setor dos Afonsos. “Com a coleta seletiva conseguimos reduzir a quantidade de resíduos sólidos despejados no aterro sanitário, aumentando, assim, a sua vida e reduzindo os riscos de contaminação do meio ambiente”, pontuou Regis.

O tema da coleta seletiva se relaciona aos programas de incentivo à compostagem sugeridos pelo grupo. O coordenador do grupo de trabalho comentou que a maior parte do lixo doméstico (67%) é formada por restos de alimentos e explicou que se a compostagem fosse disseminada, os resíduos seriam menores. “A coleta seletiva está distante de ser universalizada. Enquanto o mundo fala em economia circular e alternativas mais avançadas de destinação/reaproveitamento de resíduos, ainda precisamos lidar com um problema de comportamento da população: o brasileiro ainda está aprendendo a jogar lixo no lixo e a fazer a separação do resíduo com potencial de reciclagem", explicou. 

Ações em parceria com o poder público
Consenso entre o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental foi a necessidade de conscientização da população, com ações em parceria com o poder público. Para tanto, a sugestão dos presentes no debate foi de criação de estímulos financeiros, como ITU progressivo ou ainda campanhas do tipo “recolha plástico e troque por cupons de sorteios”. “A ideia é consolidar a cultura de que reciclar o lixo é uma necessidade. A gente tem que entender que devemos reciclar para que o material não vá para os aterros, lixões, canais e rios”, explica o coordenador do grupo de trabalho, professor Antônio Pasqualetto.

A questão do lixo foi uma preocupação constante por conta da baixa quantidade reciclada. O coordenador e os membros do grupo de trabalho chegaram à conclusão que, mesmo sendo ótima a ideia de separação em diferentes cores de lixeira, medida mais simples poderia ter mais adesão: apenas separar o orgânico do inorgânico. 

Parque Tiradentes
Nas escolas, o grupo de trabalho discutiu a adesão a programas de resíduo zero, hortas e substituição de torneiras por mecanismos com sensores para economia de água. Foi sugerido um projeto cooperativo socioambiental que integre alunos e moradores do bairro. A ideia básica do projeto seria transformar o resíduo orgânico em adubo (compostagem) e, posteriormente, em horta e mais alimentos para abastecer a escola. Além disso, o grupo reconheceu que a escola pode ajudar mais quando se trata de sustentabilidade e economia de recursos hídricos. 

Os professores demonstraram preocupação com a área verde no fundo do EMEI Monteiro Lobato, pedindo fechamento da área por conta de problemas com segurança. Além disso, muitos relataram a presença de lixos em lotes baldios na região. Diante disso, o grupo discutiu uma proposta que já existe na Prefeitura de Curitiba e que aproveita os lotes baldios para a construção de hortas comunitárias. O que poderia fortalecer o elo entre a comunidade e instituições sociais e promovendo ainda mais o fortalecimento da agricultura familiar.

Roçagem
A limpeza e roçagem dos lotes foi outro tema discutido. Regis Borges, da Secretaria de Meio Ambiente, citou que já existe o serviço de Disque e Busque em 24 horas na Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Por meio do telefone 3545-6040, o morador pode solicitar a coleta de objetos (móveis e eletrodomésticos usados) que não deseja mais e uma equipe agenda o horário para a coleta. 
Ele explicou que, depois de recolhido, os materiais que podem ser reaproveitados são destinados às cooperativas de reciclagem do município, que trabalham no Internacional Park. O restante é encaminhado ao Aterro Sanitário. Regis também anunciou, em primeira mão, projeto da Prefeitura de construção do Parque Tiradentes. Mostrou o projeto e informou que a obra será executada em até seis meses.

“Nós fazemos esse trabalho com voluntários”, diz Gerson de Souza Arrais Neto, presidente da ONG, que tem mais de 40 anos de existência, sempre engajada em ações ambientais. Eles mantêm um viveiro no bairro Moinho dos Ventos, em Aparecida de Goiânia, onde são cultivadas as mudas que serão plantadas em várias partes da cidade em regime de mutirão. “Nós já plantamos em diversos lugares durante este tempo, como na parte de trás do ginásio do Jardim América, em frente ao SESC Faiçalville, em colégios e praças, como na Vila Canãa”, relata Gerson.

Uma das prioridades do projeto, que conta com a parceria com o Movimento Nós + Árvores, comandado pela bióloga Nathalia Machado, é levar este plantio para as regiões mais periféricas da Grande Goiânia. “Lá, a necessidade é ainda maior. As praças geralmente não são bem urbanizadas e as avenidas precisam de árvores”, aponta Gerson. Ações conjuntas têm conseguido apoio de parte da sociedade, mas a avaliação é que ainda há muito o que fazer. “Nosso objetivo é fazer uma grande mobilização para plantar 1.500 árvores num só dia. Precisaríamos de 50 equipes para isso.”

Esse trabalho é mais minucioso porque as árvores plantadas pelo grupo são previamente preparadas para que possam ter mais chances de sobreviver e crescer. “Nós fazemos os ‘berços de vida’. Preparamos a cova e a adubamos. Quando plantamos a muda, também semeamos plantas ao redor que vão criar uma competição saudável que ajuda a estabilizar o local. São leguminosas, como feijão, mamonas. Colocamos palha e isso evita que nasçam gramíneas. Essas plantas, por terem ciclos de vida breves, morrem e adubam a árvore, além de manterem vivos micro-organismos ali.”

Segundo Gerson, essa técnica aumenta em até 60% as chances de a muda “pegar”. Um cuidado associado é saber qual tipo de árvore deve ser plantada nos locais adequados. “Há espécies mais apropriadas para as calçadas por não crescerem mais de 2 metros, evitando atingir a fiação pública. Outras, que têm raízes mais superficiais, como os flamboyants, que é uma espécie exógena do Cerrado, não são recomendadas para serem plantadas em vias públicas e sim em praças, já que elas podem danificar as calçadas e o asfalto das ruas”, ensina.

Uma das preocupações dos voluntários é repor os espaços que ficaram vazios por conta de retirada de árvores com espécies típicas da região. “Na área em que está Goiânia, temos um bioma com árvores de maior porte, de Mata de Cerrado, que não é aquele de árvores pequenas e retorcidas. Tanto é assim que o Jardim Botânico e o Parque Ecológico têm essas árvores maiores.” Há ainda a atenção em variar as espécies. “Tivemos um problema com essa falta de variedade no tempo da mungubas. Se uma doença der em uma das árvores, a chance de dar em todas as outras é grande.”

Atualmente, a ONG tem em cultivo mais de 10 mil mudas, sendo que 25% delas já estão prontas para o plantio imediato. São pés de ipê caraíba, urucum, bálsamo, quaresmeira, cega-machado, guapuruvu, cravo da índia, pau ferro, ipê roxo, jacarandá. “As escolas também costumam pedir o plantio de árvores frutíferas”, revela Gerson. Mangueiras e pés de fruta-pão costumam ser levados para esses lugares. “Nós queremos que as árvores fiquem mais próximas das pessoas, que elas entendam a importância que têm para a sustentação de todo o ecossitema em que estamos.”

Segundo o presidente da ARCA, há uma espécie de resistência em relação às árvores por incômodos pontuais que elas podem causar. “Reclamam que elas estragam calçamento, que sujam com suas folhas, que podem cair durante as tempestades. Mas os benefícios são muito maiores. Elas regulam o clima da cidade, melhoram o regime de chuvas, absorvem os grandes volumes de água evitando enchentes, deixam a umidade do ar melhor, auxiliam na recomposição do lençol freático”, enumera. Além disso trazem pássaros, dão frutos e – dádiva em Goiânia – também fornecem sombra.

Uma capital arborizada

A prioridade que as ações de arborização têm dado a praças de bairros mais distantes em Goiânia e a escolas faz sentido, uma vez que as zonas mais centrais da capital têm um nível elogiável nesse sentido. Nas duas últimas décadas, pesquisas realizadas a respeito, como a feita pelo IBGE em 2010, colocaram Goiânia entre os centros urbanos com mais árvores do País. Mas se temos bosques, parques e avenidas bem servidas de sombras, há outras regiões que carecem do benefício. São nas praças e avenidas com poucas árvores, assim como fundos de vale, que as iniciativas se concentram.

A cidade ganhou em 2008 um Plano Diretor de Arborização Urbana. O documento, produzido pela Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), traz diretrizes para a criação de unidades ambientais, instruções sobre como plantar e manter uma muda, orientações acerca de espécies a serem cultivadas e informações sobre legislações que definem limites e parâmetros para a área. Segundo o plano, os dados “visam uma arborização planejada e adequada para as vias públicas, de forma que essa arborização traga benefícios diretos no meio ambiente.”

O documento salienta que qualquer retirada de árvore precisa de prévia autorização, em vias públicas ou em propriedades privadas, já que as árvores são consideradas, legalmente, “bens de interesse comum do Município”. Mesmo a poda em áreas de vias públicas só pode ser feita por funcionários da Prefeitura. Novos loteamentos também necessitam de um projeto de arborização para ser aprovados. Goiânia mantém um programa de distribuição de mudas para a população, chamado Plante a Vida, que funciona desde 2005 e já ofereceu mais de 1 milhão de mudas.

Redução dos espaços é uma das soluções

Grande distanciamento entre bairros provoca inúmeros problemas, como aumento da violência, especulação imobiliária e dificuldade de acesso aos serviços públicos
Projeto escola de resíduo zero, compostagem, hortas urbanas em terrenos baldios, miniparques e estímulos financeiros para que as pessoas separem o lixo. Essas foram algumas das mais de 20 sugestões apresentadas durante o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental dentro do projeto Agenda Aparecida 2050, realizado no último dia 23 de novembro, no Jardim Tiradentes, em Aparecida de Goiânia. 

Coordenado pelo professor Antônio Pasqualetto, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, o grupo de trabalho debateu ainda sobre os desafios da reciclagem e da universalização da coleta de esgoto na região, já que muitos bairros ainda utilizam fossa séptica. Maycon Borges de Paula, morador do Setor Colina Azul, explica que, mesmo tendo esgoto (recente) na região, a rede necessita de manutenção. “Neste período de chuvas, as ruas do meu bairro vivem com mau cheiro. Parece que o esgoto escorre pelas ruas. Quando eram fossas, ao menos não tinha esse fedor”, detalha. 

Grande parte das discussões girou em torno da necessidade de transformar a coleta seletiva em hábito. Para que ela aconteça, a primeira etapa começa justamente com o cidadão, que precisa estar conscientizado sobre a necessidade de separar o lixo dentro de casa e estar educado em como fazer essa separação de maneira correta. “A partir do momento em que não há essa preparação dentro de casa, toda a sequência na cadeia da reciclagem acaba sendo prejudicada”, explica Pasqualetto. 
Pesquisa do Instituto Fortiori mostra que mais de 45% dos moradores da região têm o hábito de separar latas de alumínio e que 43% deles sempre separam as garrafas plásticas. O problema é que as pessoas que afirmam que nunca fazem isso correspondem a 46% e a 48%, respectivamente.

Plástico
Estudos recentes indicam que o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. O País também é um dos que menos recicla esse tipo de material: apenas 1,2%, ou seja, 145.043 toneladas. A produção de lixo acaba crescendo mais que a sustentabilidade no País.

Os resíduos sólidos urbanos abrangem tanto o lixo doméstico quanto a limpeza urbana - coletados nas cidades pelos serviços locais. Sobre isso, Regis Inácio Borges, ex-diretor de resíduos sólidos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e, atualmente, diretor na Secretaria de Meio Ambiente de Aparecida, informou que existe a coleta seletiva de lixo na região da Cidade Livre/Tiradentes. Moradoras que integraram o grupo de trabalho argumentaram, no entanto, que desconhecem o serviço e que talvez ele precise ser mais difundido e com horários estabelecidos. 

Atualmente, de acordo com dados oficiais da pasta, a coleta seletiva atende mais de 90 bairros da cidade, dentre eles Garavelo, Bairro Ilda, Centro, Vila Mariana, Setor Araguaia, Cruzeiro do Sul, Jardim Luz, Residencial Brasicon, Conjunto Estrela do Sul, Vila Brasília e Setor dos Afonsos. “Com a coleta seletiva conseguimos reduzir a quantidade de resíduos sólidos despejados no aterro sanitário, aumentando, assim, a sua vida e reduzindo os riscos de contaminação do meio ambiente”, pontuou Regis.

O tema da coleta seletiva se relaciona aos programas de incentivo à compostagem sugeridos pelo grupo. O coordenador do grupo de trabalho comentou que a maior parte do lixo doméstico (67%) é formada por restos de alimentos e explicou que se a compostagem fosse disseminada, os resíduos seriam menores. “A coleta seletiva está distante de ser universalizada. Enquanto o mundo fala em economia circular e alternativas mais avançadas de destinação/reaproveitamento de resíduos, ainda precisamos lidar com um problema de comportamento da população: o brasileiro ainda está aprendendo a jogar lixo no lixo e a fazer a separação do resíduo com potencial de reciclagem", explicou. 

Ações em parceria com o poder público
Consenso entre o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental foi a necessidade de conscientização da população, com ações em parceria com o poder público. Para tanto, a sugestão dos presentes no debate foi de criação de estímulos financeiros, como ITU progressivo ou ainda campanhas do tipo “recolha plástico e troque por cupons de sorteios”. “A ideia é consolidar a cultura de que reciclar o lixo é uma necessidade. A gente tem que entender que devemos reciclar para que o material não vá para os aterros, lixões, canais e rios”, explica o coordenador do grupo de trabalho, professor Antônio Pasqualetto.

A questão do lixo foi uma preocupação constante por conta da baixa quantidade reciclada. O coordenador e os membros do grupo de trabalho chegaram à conclusão que, mesmo sendo ótima a ideia de separação em diferentes cores de lixeira, medida mais simples poderia ter mais adesão: apenas separar o orgânico do inorgânico. 

Parque Tiradentes
Nas escolas, o grupo de trabalho discutiu a adesão a programas de resíduo zero, hortas e substituição de torneiras por mecanismos com sensores para economia de água. Foi sugerido um projeto cooperativo socioambiental que integre alunos e moradores do bairro. A ideia básica do projeto seria transformar o resíduo orgânico em adubo (compostagem) e, posteriormente, em horta e mais alimentos para abastecer a escola. Além disso, o grupo reconheceu que a escola pode ajudar mais quando se trata de sustentabilidade e economia de recursos hídricos. 

Os professores demonstraram preocupação com a área verde no fundo do EMEI Monteiro Lobato, pedindo fechamento da área por conta de problemas com segurança. Além disso, muitos relataram a presença de lixos em lotes baldios na região. Diante disso, o grupo discutiu uma proposta que já existe na Prefeitura de Curitiba e que aproveita os lotes baldios para a construção de hortas comunitárias. O que poderia fortalecer o elo entre a comunidade e instituições sociais e promovendo ainda mais o fortalecimento da agricultura familiar.

Roçagem
A limpeza e roçagem dos lotes foi outro tema discutido. Regis Borges, da Secretaria de Meio Ambiente, citou que já existe o serviço de Disque e Busque em 24 horas na Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Por meio do telefone 3545-6040, o morador pode solicitar a coleta de objetos (móveis e eletrodomésticos usados) que não deseja mais e uma equipe agenda o horário para a coleta. 
Ele explicou que, depois de recolhido, os materiais que podem ser reaproveitados são destinados às cooperativas de reciclagem do município, que trabalham no Internacional Park. O restante é encaminhado ao Aterro Sanitário. Regis também anunciou, em primeira mão, projeto da Prefeitura de construção do Parque Tiradentes. Mostrou o projeto e informou que a obra será executada em até seis meses.

“Nós fazemos esse trabalho com voluntários”, diz Gerson de Souza Arrais Neto, presidente da ONG, que tem mais de 40 anos de existência, sempre engajada em ações ambientais. Eles mantêm um viveiro no bairro Moinho dos Ventos, em Aparecida de Goiânia, onde são cultivadas as mudas que serão plantadas em várias partes da cidade em regime de mutirão. “Nós já plantamos em diversos lugares durante este tempo, como na parte de trás do ginásio do Jardim América, em frente ao SESC Faiçalville, em colégios e praças, como na Vila Canãa”, relata Gerson.

Uma das prioridades do projeto, que conta com a parceria com o Movimento Nós + Árvores, comandado pela bióloga Nathalia Machado, é levar este plantio para as regiões mais periféricas da Grande Goiânia. “Lá, a necessidade é ainda maior. As praças geralmente não são bem urbanizadas e as avenidas precisam de árvores”, aponta Gerson. Ações conjuntas têm conseguido apoio de parte da sociedade, mas a avaliação é que ainda há muito o que fazer. “Nosso objetivo é fazer uma grande mobilização para plantar 1.500 árvores num só dia. Precisaríamos de 50 equipes para isso.”

Esse trabalho é mais minucioso porque as árvores plantadas pelo grupo são previamente preparadas para que possam ter mais chances de sobreviver e crescer. “Nós fazemos os ‘berços de vida’. Preparamos a cova e a adubamos. Quando plantamos a muda, também semeamos plantas ao redor que vão criar uma competição saudável que ajuda a estabilizar o local. São leguminosas, como feijão, mamonas. Colocamos palha e isso evita que nasçam gramíneas. Essas plantas, por terem ciclos de vida breves, morrem e adubam a árvore, além de manterem vivos micro-organismos ali.”

Segundo Gerson, essa técnica aumenta em até 60% as chances de a muda “pegar”. Um cuidado associado é saber qual tipo de árvore deve ser plantada nos locais adequados. “Há espécies mais apropriadas para as calçadas por não crescerem mais de 2 metros, evitando atingir a fiação pública. Outras, que têm raízes mais superficiais, como os flamboyants, que é uma espécie exógena do Cerrado, não são recomendadas para serem plantadas em vias públicas e sim em praças, já que elas podem danificar as calçadas e o asfalto das ruas”, ensina.

Uma das preocupações dos voluntários é repor os espaços que ficaram vazios por conta de retirada de árvores com espécies típicas da região. “Na área em que está Goiânia, temos um bioma com árvores de maior porte, de Mata de Cerrado, que não é aquele de árvores pequenas e retorcidas. Tanto é assim que o Jardim Botânico e o Parque Ecológico têm essas árvores maiores.” Há ainda a atenção em variar as espécies. “Tivemos um problema com essa falta de variedade no tempo da mungubas. Se uma doença der em uma das árvores, a chance de dar em todas as outras é grande.”

Atualmente, a ONG tem em cultivo mais de 10 mil mudas, sendo que 25% delas já estão prontas para o plantio imediato. São pés de ipê caraíba, urucum, bálsamo, quaresmeira, cega-machado, guapuruvu, cravo da índia, pau ferro, ipê roxo, jacarandá. “As escolas também costumam pedir o plantio de árvores frutíferas”, revela Gerson. Mangueiras e pés de fruta-pão costumam ser levados para esses lugares. “Nós queremos que as árvores fiquem mais próximas das pessoas, que elas entendam a importância que têm para a sustentação de todo o ecossitema em que estamos.”

Segundo o presidente da ARCA, há uma espécie de resistência em relação às árvores por incômodos pontuais que elas podem causar. “Reclamam que elas estragam calçamento, que sujam com suas folhas, que podem cair durante as tempestades. Mas os benefícios são muito maiores. Elas regulam o clima da cidade, melhoram o regime de chuvas, absorvem os grandes volumes de água evitando enchentes, deixam a umidade do ar melhor, auxiliam na recomposição do lençol freático”, enumera. Além disso trazem pássaros, dão frutos e – dádiva em Goiânia – também fornecem sombra.

Uma capital arborizada

A prioridade que as ações de arborização têm dado a praças de bairros mais distantes em Goiânia e a escolas faz sentido, uma vez que as zonas mais centrais da capital têm um nível elogiável nesse sentido. Nas duas últimas décadas, pesquisas realizadas a respeito, como a feita pelo IBGE em 2010, colocaram Goiânia entre os centros urbanos com mais árvores do País. Mas se temos bosques, parques e avenidas bem servidas de sombras, há outras regiões que carecem do benefício. São nas praças e avenidas com poucas árvores, assim como fundos de vale, que as iniciativas se concentram.

A cidade ganhou em 2008 um Plano Diretor de Arborização Urbana. O documento, produzido pela Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), traz diretrizes para a criação de unidades ambientais, instruções sobre como plantar e manter uma muda, orientações acerca de espécies a serem cultivadas e informações sobre legislações que definem limites e parâmetros para a área. Segundo o plano, os dados “visam uma arborização planejada e adequada para as vias públicas, de forma que essa arborização traga benefícios diretos no meio ambiente.”

O documento salienta que qualquer retirada de árvore precisa de prévia autorização, em vias públicas ou em propriedades privadas, já que as árvores são consideradas, legalmente, “bens de interesse comum do Município”. Mesmo a poda em áreas de vias públicas só pode ser feita por funcionários da Prefeitura. Novos loteamentos também necessitam de um projeto de arborização para ser aprovados. Goiânia mantém um programa de distribuição de mudas para a população, chamado Plante a Vida, que funciona desde 2005 e já ofereceu mais de 1 milhão de mudas.
Projeto escola de resíduo zero, compostagem, hortas urbanas em terrenos baldios, miniparques e estímulos financeiros para que as pessoas separem o lixo. Essas foram algumas das mais de 20 sugestões apresentadas durante o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental dentro do projeto Agenda Aparecida 2050, realizado no último dia 23 de novembro, no Jardim Tiradentes, em Aparecida de Goiânia. 

Coordenado pelo professor Antônio Pasqualetto, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, o grupo de trabalho debateu ainda sobre os desafios da reciclagem e da universalização da coleta de esgoto na região, já que muitos bairros ainda utilizam fossa séptica. Maycon Borges de Paula, morador do Setor Colina Azul, explica que, mesmo tendo esgoto (recente) na região, a rede necessita de manutenção. “Neste período de chuvas, as ruas do meu bairro vivem com mau cheiro. Parece que o esgoto escorre pelas ruas. Quando eram fossas, ao menos não tinha esse fedor”, detalha. 

Grande parte das discussões girou em torno da necessidade de transformar a coleta seletiva em hábito. Para que ela aconteça, a primeira etapa começa justamente com o cidadão, que precisa estar conscientizado sobre a necessidade de separar o lixo dentro de casa e estar educado em como fazer essa separação de maneira correta. “A partir do momento em que não há essa preparação dentro de casa, toda a sequência na cadeia da reciclagem acaba sendo prejudicada”, explica Pasqualetto. 
Pesquisa do Instituto Fortiori mostra que mais de 45% dos moradores da região têm o hábito de separar latas de alumínio e que 43% deles sempre separam as garrafas plásticas. O problema é que as pessoas que afirmam que nunca fazem isso correspondem a 46% e a 48%, respectivamente.

Plástico
Estudos recentes indicam que o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. O País também é um dos que menos recicla esse tipo de material: apenas 1,2%, ou seja, 145.043 toneladas. A produção de lixo acaba crescendo mais que a sustentabilidade no País.

Os resíduos sólidos urbanos abrangem tanto o lixo doméstico quanto a limpeza urbana - coletados nas cidades pelos serviços locais. Sobre isso, Regis Inácio Borges, ex-diretor de resíduos sólidos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e, atualmente, diretor na Secretaria de Meio Ambiente de Aparecida, informou que existe a coleta seletiva de lixo na região da Cidade Livre/Tiradentes. Moradoras que integraram o grupo de trabalho argumentaram, no entanto, que desconhecem o serviço e que talvez ele precise ser mais difundido e com horários estabelecidos. 

Atualmente, de acordo com dados oficiais da pasta, a coleta seletiva atende mais de 90 bairros da cidade, dentre eles Garavelo, Bairro Ilda, Centro, Vila Mariana, Setor Araguaia, Cruzeiro do Sul, Jardim Luz, Residencial Brasicon, Conjunto Estrela do Sul, Vila Brasília e Setor dos Afonsos. “Com a coleta seletiva conseguimos reduzir a quantidade de resíduos sólidos despejados no aterro sanitário, aumentando, assim, a sua vida e reduzindo os riscos de contaminação do meio ambiente”, pontuou Regis.

O tema da coleta seletiva se relaciona aos programas de incentivo à compostagem sugeridos pelo grupo. O coordenador do grupo de trabalho comentou que a maior parte do lixo doméstico (67%) é formada por restos de alimentos e explicou que se a compostagem fosse disseminada, os resíduos seriam menores. “A coleta seletiva está distante de ser universalizada. Enquanto o mundo fala em economia circular e alternativas mais avançadas de destinação/reaproveitamento de resíduos, ainda precisamos lidar com um problema de comportamento da população: o brasileiro ainda está aprendendo a jogar lixo no lixo e a fazer a separação do resíduo com potencial de reciclagem", explicou. 

Ações em parceria com o poder público
Consenso entre o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental foi a necessidade de conscientização da população, com ações em parceria com o poder público. Para tanto, a sugestão dos presentes no debate foi de criação de estímulos financeiros, como ITU progressivo ou ainda campanhas do tipo “recolha plástico e troque por cupons de sorteios”. “A ideia é consolidar a cultura de que reciclar o lixo é uma necessidade. A gente tem que entender que devemos reciclar para que o material não vá para os aterros, lixões, canais e rios”, explica o coordenador do grupo de trabalho, professor Antônio Pasqualetto.

A questão do lixo foi uma preocupação constante por conta da baixa quantidade reciclada. O coordenador e os membros do grupo de trabalho chegaram à conclusão que, mesmo sendo ótima a ideia de separação em diferentes cores de lixeira, medida mais simples poderia ter mais adesão: apenas separar o orgânico do inorgânico. 

Parque Tiradentes
Nas escolas, o grupo de trabalho discutiu a adesão a programas de resíduo zero, hortas e substituição de torneiras por mecanismos com sensores para economia de água. Foi sugerido um projeto cooperativo socioambiental que integre alunos e moradores do bairro. A ideia básica do projeto seria transformar o resíduo orgânico em adubo (compostagem) e, posteriormente, em horta e mais alimentos para abastecer a escola. Além disso, o grupo reconheceu que a escola pode ajudar mais quando se trata de sustentabilidade e economia de recursos hídricos. 

Os professores demonstraram preocupação com a área verde no fundo do EMEI Monteiro Lobato, pedindo fechamento da área por conta de problemas com segurança. Além disso, muitos relataram a presença de lixos em lotes baldios na região. Diante disso, o grupo discutiu uma proposta que já existe na Prefeitura de Curitiba e que aproveita os lotes baldios para a construção de hortas comunitárias. O que poderia fortalecer o elo entre a comunidade e instituições sociais e promovendo ainda mais o fortalecimento da agricultura familiar.

Roçagem
A limpeza e roçagem dos lotes foi outro tema discutido. Regis Borges, da Secretaria de Meio Ambiente, citou que já existe o serviço de Disque e Busque em 24 horas na Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Por meio do telefone 3545-6040, o morador pode solicitar a coleta de objetos (móveis e eletrodomésticos usados) que não deseja mais e uma equipe agenda o horário para a coleta. 
Ele explicou que, depois de recolhido, os materiais que podem ser reaproveitados são destinados às cooperativas de reciclagem do município, que trabalham no Internacional Park. O restante é encaminhado ao Aterro Sanitário. Regis também anunciou, em primeira mão, projeto da Prefeitura de construção do Parque Tiradentes. Mostrou o projeto e informou que a obra será executada em até seis meses.

“Nós fazemos esse trabalho com voluntários”, diz Gerson de Souza Arrais Neto, presidente da ONG, que tem mais de 40 anos de existência, sempre engajada em ações ambientais. Eles mantêm um viveiro no bairro Moinho dos Ventos, em Aparecida de Goiânia, onde são cultivadas as mudas que serão plantadas em várias partes da cidade em regime de mutirão. “Nós já plantamos em diversos lugares durante este tempo, como na parte de trás do ginásio do Jardim América, em frente ao SESC Faiçalville, em colégios e praças, como na Vila Canãa”, relata Gerson.

Uma das prioridades do projeto, que conta com a parceria com o Movimento Nós + Árvores, comandado pela bióloga Nathalia Machado, é levar este plantio para as regiões mais periféricas da Grande Goiânia. “Lá, a necessidade é ainda maior. As praças geralmente não são bem urbanizadas e as avenidas precisam de árvores”, aponta Gerson. Ações conjuntas têm conseguido apoio de parte da sociedade, mas a avaliação é que ainda há muito o que fazer. “Nosso objetivo é fazer uma grande mobilização para plantar 1.500 árvores num só dia. Precisaríamos de 50 equipes para isso.”

Esse trabalho é mais minucioso porque as árvores plantadas pelo grupo são previamente preparadas para que possam ter mais chances de sobreviver e crescer. “Nós fazemos os ‘berços de vida’. Preparamos a cova e a adubamos. Quando plantamos a muda, também semeamos plantas ao redor que vão criar uma competição saudável que ajuda a estabilizar o local. São leguminosas, como feijão, mamonas. Colocamos palha e isso evita que nasçam gramíneas. Essas plantas, por terem ciclos de vida breves, morrem e adubam a árvore, além de manterem vivos micro-organismos ali.”

Segundo Gerson, essa técnica aumenta em até 60% as chances de a muda “pegar”. Um cuidado associado é saber qual tipo de árvore deve ser plantada nos locais adequados. “Há espécies mais apropriadas para as calçadas por não crescerem mais de 2 metros, evitando atingir a fiação pública. Outras, que têm raízes mais superficiais, como os flamboyants, que é uma espécie exógena do Cerrado, não são recomendadas para serem plantadas em vias públicas e sim em praças, já que elas podem danificar as calçadas e o asfalto das ruas”, ensina.

Uma das preocupações dos voluntários é repor os espaços que ficaram vazios por conta de retirada de árvores com espécies típicas da região. “Na área em que está Goiânia, temos um bioma com árvores de maior porte, de Mata de Cerrado, que não é aquele de árvores pequenas e retorcidas. Tanto é assim que o Jardim Botânico e o Parque Ecológico têm essas árvores maiores.” Há ainda a atenção em variar as espécies. “Tivemos um problema com essa falta de variedade no tempo da mungubas. Se uma doença der em uma das árvores, a chance de dar em todas as outras é grande.”

Atualmente, a ONG tem em cultivo mais de 10 mil mudas, sendo que 25% delas já estão prontas para o plantio imediato. São pés de ipê caraíba, urucum, bálsamo, quaresmeira, cega-machado, guapuruvu, cravo da índia, pau ferro, ipê roxo, jacarandá. “As escolas também costumam pedir o plantio de árvores frutíferas”, revela Gerson. Mangueiras e pés de fruta-pão costumam ser levados para esses lugares. “Nós queremos que as árvores fiquem mais próximas das pessoas, que elas entendam a importância que têm para a sustentação de todo o ecossitema em que estamos.”

Segundo o presidente da ARCA, há uma espécie de resistência em relação às árvores por incômodos pontuais que elas podem causar. “Reclamam que elas estragam calçamento, que sujam com suas folhas, que podem cair durante as tempestades. Mas os benefícios são muito maiores. Elas regulam o clima da cidade, melhoram o regime de chuvas, absorvem os grandes volumes de água evitando enchentes, deixam a umidade do ar melhor, auxiliam na recomposição do lençol freático”, enumera. Além disso trazem pássaros, dão frutos e – dádiva em Goiânia – também fornecem sombra.

Uma capital arborizada

A prioridade que as ações de arborização têm dado a praças de bairros mais distantes em Goiânia e a escolas faz sentido, uma vez que as zonas mais centrais da capital têm um nível elogiável nesse sentido. Nas duas últimas décadas, pesquisas realizadas a respeito, como a feita pelo IBGE em 2010, colocaram Goiânia entre os centros urbanos com mais árvores do País. Mas se temos bosques, parques e avenidas bem servidas de sombras, há outras regiões que carecem do benefício. São nas praças e avenidas com poucas árvores, assim como fundos de vale, que as iniciativas se concentram.

A cidade ganhou em 2008 um Plano Diretor de Arborização Urbana. O documento, produzido pela Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), traz diretrizes para a criação de unidades ambientais, instruções sobre como plantar e manter uma muda, orientações acerca de espécies a serem cultivadas e informações sobre legislações que definem limites e parâmetros para a área. Segundo o plano, os dados “visam uma arborização planejada e adequada para as vias públicas, de forma que essa arborização traga benefícios diretos no meio ambiente.”

O documento salienta que qualquer retirada de árvore precisa de prévia autorização, em vias públicas ou em propriedades privadas, já que as árvores são consideradas, legalmente, “bens de interesse comum do Município”. Mesmo a poda em áreas de vias públicas só pode ser feita por funcionários da Prefeitura. Novos loteamentos também necessitam de um projeto de arborização para ser aprovados. Goiânia mantém um programa de distribuição de mudas para a população, chamado Plante a Vida, que funciona desde 2005 e já ofereceu mais de 1 milhão de mudas.
Projeto escola de resíduo zero, compostagem, hortas urbanas em terrenos baldios, miniparques e estímulos financeiros para que as pessoas separem o lixo. Essas foram algumas das mais de 20 sugestões apresentadas durante o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental dentro do projeto Agenda Aparecida 2050, realizado no último dia 23 de novembro, no Jardim Tiradentes, em Aparecida de Goiânia. 

Coordenado pelo professor Antônio Pasqualetto, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, o grupo de trabalho debateu ainda sobre os desafios da reciclagem e da universalização da coleta de esgoto na região, já que muitos bairros ainda utilizam fossa séptica. Maycon Borges de Paula, morador do Setor Colina Azul, explica que, mesmo tendo esgoto (recente) na região, a rede necessita de manutenção. “Neste período de chuvas, as ruas do meu bairro vivem com mau cheiro. Parece que o esgoto escorre pelas ruas. Quando eram fossas, ao menos não tinha esse fedor”, detalha. 

Grande parte das discussões girou em torno da necessidade de transformar a coleta seletiva em hábito. Para que ela aconteça, a primeira etapa começa justamente com o cidadão, que precisa estar conscientizado sobre a necessidade de separar o lixo dentro de casa e estar educado em como fazer essa separação de maneira correta. “A partir do momento em que não há essa preparação dentro de casa, toda a sequência na cadeia da reciclagem acaba sendo prejudicada”, explica Pasqualetto. 
Pesquisa do Instituto Fortiori mostra que mais de 45% dos moradores da região têm o hábito de separar latas de alumínio e que 43% deles sempre separam as garrafas plásticas. O problema é que as pessoas que afirmam que nunca fazem isso correspondem a 46% e a 48%, respectivamente.

Plástico
Estudos recentes indicam que o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. O País também é um dos que menos recicla esse tipo de material: apenas 1,2%, ou seja, 145.043 toneladas. A produção de lixo acaba crescendo mais que a sustentabilidade no País.

Os resíduos sólidos urbanos abrangem tanto o lixo doméstico quanto a limpeza urbana - coletados nas cidades pelos serviços locais. Sobre isso, Regis Inácio Borges, ex-diretor de resíduos sólidos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e, atualmente, diretor na Secretaria de Meio Ambiente de Aparecida, informou que existe a coleta seletiva de lixo na região da Cidade Livre/Tiradentes. Moradoras que integraram o grupo de trabalho argumentaram, no entanto, que desconhecem o serviço e que talvez ele precise ser mais difundido e com horários estabelecidos. 

Atualmente, de acordo com dados oficiais da pasta, a coleta seletiva atende mais de 90 bairros da cidade, dentre eles Garavelo, Bairro Ilda, Centro, Vila Mariana, Setor Araguaia, Cruzeiro do Sul, Jardim Luz, Residencial Brasicon, Conjunto Estrela do Sul, Vila Brasília e Setor dos Afonsos. “Com a coleta seletiva conseguimos reduzir a quantidade de resíduos sólidos despejados no aterro sanitário, aumentando, assim, a sua vida e reduzindo os riscos de contaminação do meio ambiente”, pontuou Regis.

O tema da coleta seletiva se relaciona aos programas de incentivo à compostagem sugeridos pelo grupo. O coordenador do grupo de trabalho comentou que a maior parte do lixo doméstico (67%) é formada por restos de alimentos e explicou que se a compostagem fosse disseminada, os resíduos seriam menores. “A coleta seletiva está distante de ser universalizada. Enquanto o mundo fala em economia circular e alternativas mais avançadas de destinação/reaproveitamento de resíduos, ainda precisamos lidar com um problema de comportamento da população: o brasileiro ainda está aprendendo a jogar lixo no lixo e a fazer a separação do resíduo com potencial de reciclagem", explicou. 

Ações em parceria com o poder público
Consenso entre o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental foi a necessidade de conscientização da população, com ações em parceria com o poder público. Para tanto, a sugestão dos presentes no debate foi de criação de estímulos financeiros, como ITU progressivo ou ainda campanhas do tipo “recolha plástico e troque por cupons de sorteios”. “A ideia é consolidar a cultura de que reciclar o lixo é uma necessidade. A gente tem que entender que devemos reciclar para que o material não vá para os aterros, lixões, canais e rios”, explica o coordenador do grupo de trabalho, professor Antônio Pasqualetto.

A questão do lixo foi uma preocupação constante por conta da baixa quantidade reciclada. O coordenador e os membros do grupo de trabalho chegaram à conclusão que, mesmo sendo ótima a ideia de separação em diferentes cores de lixeira, medida mais simples poderia ter mais adesão: apenas separar o orgânico do inorgânico. 

Parque Tiradentes
Nas escolas, o grupo de trabalho discutiu a adesão a programas de resíduo zero, hortas e substituição de torneiras por mecanismos com sensores para economia de água. Foi sugerido um projeto cooperativo socioambiental que integre alunos e moradores do bairro. A ideia básica do projeto seria transformar o resíduo orgânico em adubo (compostagem) e, posteriormente, em horta e mais alimentos para abastecer a escola. Além disso, o grupo reconheceu que a escola pode ajudar mais quando se trata de sustentabilidade e economia de recursos hídricos. 

Os professores demonstraram preocupação com a área verde no fundo do EMEI Monteiro Lobato, pedindo fechamento da área por conta de problemas com segurança. Além disso, muitos relataram a presença de lixos em lotes baldios na região. Diante disso, o grupo discutiu uma proposta que já existe na Prefeitura de Curitiba e que aproveita os lotes baldios para a construção de hortas comunitárias. O que poderia fortalecer o elo entre a comunidade e instituições sociais e promovendo ainda mais o fortalecimento da agricultura familiar.

Roçagem
A limpeza e roçagem dos lotes foi outro tema discutido. Regis Borges, da Secretaria de Meio Ambiente, citou que já existe o serviço de Disque e Busque em 24 horas na Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Por meio do telefone 3545-6040, o morador pode solicitar a coleta de objetos (móveis e eletrodomésticos usados) que não deseja mais e uma equipe agenda o horário para a coleta. 
Ele explicou que, depois de recolhido, os materiais que podem ser reaproveitados são destinados às cooperativas de reciclagem do município, que trabalham no Internacional Park. O restante é encaminhado ao Aterro Sanitário. Regis também anunciou, em primeira mão, projeto da Prefeitura de construção do Parque Tiradentes. Mostrou o projeto e informou que a obra será executada em até seis meses.

“Nós fazemos esse trabalho com voluntários”, diz Gerson de Souza Arrais Neto, presidente da ONG, que tem mais de 40 anos de existência, sempre engajada em ações ambientais. Eles mantêm um viveiro no bairro Moinho dos Ventos, em Aparecida de Goiânia, onde são cultivadas as mudas que serão plantadas em várias partes da cidade em regime de mutirão. “Nós já plantamos em diversos lugares durante este tempo, como na parte de trás do ginásio do Jardim América, em frente ao SESC Faiçalville, em colégios e praças, como na Vila Canãa”, relata Gerson.

Uma das prioridades do projeto, que conta com a parceria com o Movimento Nós + Árvores, comandado pela bióloga Nathalia Machado, é levar este plantio para as regiões mais periféricas da Grande Goiânia. “Lá, a necessidade é ainda maior. As praças geralmente não são bem urbanizadas e as avenidas precisam de árvores”, aponta Gerson. Ações conjuntas têm conseguido apoio de parte da sociedade, mas a avaliação é que ainda há muito o que fazer. “Nosso objetivo é fazer uma grande mobilização para plantar 1.500 árvores num só dia. Precisaríamos de 50 equipes para isso.”

Esse trabalho é mais minucioso porque as árvores plantadas pelo grupo são previamente preparadas para que possam ter mais chances de sobreviver e crescer. “Nós fazemos os ‘berços de vida’. Preparamos a cova e a adubamos. Quando plantamos a muda, também semeamos plantas ao redor que vão criar uma competição saudável que ajuda a estabilizar o local. São leguminosas, como feijão, mamonas. Colocamos palha e isso evita que nasçam gramíneas. Essas plantas, por terem ciclos de vida breves, morrem e adubam a árvore, além de manterem vivos micro-organismos ali.”

Segundo Gerson, essa técnica aumenta em até 60% as chances de a muda “pegar”. Um cuidado associado é saber qual tipo de árvore deve ser plantada nos locais adequados. “Há espécies mais apropriadas para as calçadas por não crescerem mais de 2 metros, evitando atingir a fiação pública. Outras, que têm raízes mais superficiais, como os flamboyants, que é uma espécie exógena do Cerrado, não são recomendadas para serem plantadas em vias públicas e sim em praças, já que elas podem danificar as calçadas e o asfalto das ruas”, ensina.

Uma das preocupações dos voluntários é repor os espaços que ficaram vazios por conta de retirada de árvores com espécies típicas da região. “Na área em que está Goiânia, temos um bioma com árvores de maior porte, de Mata de Cerrado, que não é aquele de árvores pequenas e retorcidas. Tanto é assim que o Jardim Botânico e o Parque Ecológico têm essas árvores maiores.” Há ainda a atenção em variar as espécies. “Tivemos um problema com essa falta de variedade no tempo da mungubas. Se uma doença der em uma das árvores, a chance de dar em todas as outras é grande.”

Atualmente, a ONG tem em cultivo mais de 10 mil mudas, sendo que 25% delas já estão prontas para o plantio imediato. São pés de ipê caraíba, urucum, bálsamo, quaresmeira, cega-machado, guapuruvu, cravo da índia, pau ferro, ipê roxo, jacarandá. “As escolas também costumam pedir o plantio de árvores frutíferas”, revela Gerson. Mangueiras e pés de fruta-pão costumam ser levados para esses lugares. “Nós queremos que as árvores fiquem mais próximas das pessoas, que elas entendam a importância que têm para a sustentação de todo o ecossitema em que estamos.”

Segundo o presidente da ARCA, há uma espécie de resistência em relação às árvores por incômodos pontuais que elas podem causar. “Reclamam que elas estragam calçamento, que sujam com suas folhas, que podem cair durante as tempestades. Mas os benefícios são muito maiores. Elas regulam o clima da cidade, melhoram o regime de chuvas, absorvem os grandes volumes de água evitando enchentes, deixam a umidade do ar melhor, auxiliam na recomposição do lençol freático”, enumera. Além disso trazem pássaros, dão frutos e – dádiva em Goiânia – também fornecem sombra.

Uma capital arborizada

A prioridade que as ações de arborização têm dado a praças de bairros mais distantes em Goiânia e a escolas faz sentido, uma vez que as zonas mais centrais da capital têm um nível elogiável nesse sentido. Nas duas últimas décadas, pesquisas realizadas a respeito, como a feita pelo IBGE em 2010, colocaram Goiânia entre os centros urbanos com mais árvores do País. Mas se temos bosques, parques e avenidas bem servidas de sombras, há outras regiões que carecem do benefício. São nas praças e avenidas com poucas árvores, assim como fundos de vale, que as iniciativas se concentram.

A cidade ganhou em 2008 um Plano Diretor de Arborização Urbana. O documento, produzido pela Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), traz diretrizes para a criação de unidades ambientais, instruções sobre como plantar e manter uma muda, orientações acerca de espécies a serem cultivadas e informações sobre legislações que definem limites e parâmetros para a área. Segundo o plano, os dados “visam uma arborização planejada e adequada para as vias públicas, de forma que essa arborização traga benefícios diretos no meio ambiente.”

O documento salienta que qualquer retirada de árvore precisa de prévia autorização, em vias públicas ou em propriedades privadas, já que as árvores são consideradas, legalmente, “bens de interesse comum do Município”. Mesmo a poda em áreas de vias públicas só pode ser feita por funcionários da Prefeitura. Novos loteamentos também necessitam de um projeto de arborização para ser aprovados. Goiânia mantém um programa de distribuição de mudas para a população, chamado Plante a Vida, que funciona desde 2005 e já ofereceu mais de 1 milhão de mudas.

Redução dos espaços é uma das soluções

Grande distanciamento entre bairros provoca inúmeros problemas, como aumento da violência, especulação imobiliária e dificuldade de acesso aos serviços públicos
Facilitar os deslocamentos internos em Aparecida de Goiânia e melhorar a condição de infraestrutura são algumas soluções encontradas para desenvolver a mobilidade urbana e facilitar a vida das 59 mil pessoas que vivem na região da Cidade Livre/Tiradentes. Uma estruturação mais eficaz do sistema de transporte coletivo é um dos desafios para os próximos 30 anos e pode ter, como resultado, melhor qualidade de vida para as pessoas.
Grupo de trabalho sobre Mobilidade e Acessibilidade do projeto Agenda Aparecida 2050 discutiu os problemas de momento e as soluções para o futuro. Hoje, deslocar entre as regiões de Aparecida é complicado. Pesquisa realizada pelo Instituto Fortiori indica que a avaliação do sistema de transporte público na região do Jardim Tiradentes piorou nos últimos 10 anos. Antes, 43% aprovavam e agora apenas 10% aprovam. A desaprovação era de 25% e agora é de 52,7%. 
De acordo com o professor do curso de Engenharia de Transportes da Universidade Federal de Goiás (campus Aparecida da UFG), doutor Ronny Marcelo Aliaga Medrano, a maior parte das linhas de ônibus existentes foi projetada numa conexão com Goiânia e não internamente na própria cidade. “O nosso transporte é metropolitano, a prefeitura tenta fazer uma descentralização, mas é claro que hoje é insuficiente diante da demanda da população”, destacou. 
Para que ocorra uma descentralização do sistema de transporte, foram apontadas algumas soluções como a criação de novas linhas de ônibus, redistribuição das linhas existentes, implantação do transporte alternativo interbairros, construção de nova infraestrutura para o sistema viário, com prioridade para os ônibus, revisão dos serviços indicados na concessão do transporte e implementação da micromobilidade, como alternativa para pequenos deslocamentos.
A carência de linhas interbairros em Aparecida é sentida na pele por quem mora na região do Tiradentes, como é o caso de Wanderley Dias da Cruz, que integra a Ação Social Comunitária da Vila Romana e bairros vizinhos. O líder comunitário citou o exemplo de se deslocar entre a Vila Romana e o Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa), localizado no Setor Conde dos Arcos. Para ele, com mais trajetos alternativos, poderia fazer com que muitas pessoas pudessem deixar o carro em casa. “Você demora muito mais num transporte da Vila Romana para o Huapa do que para o Centro de Goiânia. Há demanda, e assim poderíamos deixar o carro em casa”, avaliou.

Transporte alternativo
O grupo de trabalho avaliou que, com mais linhas alternativas, poderia haver diminuição no número de veículos circulando pelas vias públicas de Aparecida, o que refletiria em um trânsito com maior fluidez. Um tema polêmico avaliado é o transporte alternativo, com a colocação de micro-ônibus para fazer a ligação interbairros. O professor Ronny Medrano avaliou que é um ponto que exige análise mais cuidadosa, para evitar que o transporte clandestino aumente o problema e não resolvê-lo. Ele avalia que as atuais empresas que detém a concessão poderiam oferecer esse tipo de serviço.
Entre os moradores há pontos divergentes sobre o assunto. Wanderley da Cruz entende que o alternativo poderia ser utilizado para complementação do sistema com pequenas linhas. “Aparecida é uma das poucas cidades desse porte que não tem um transporte coletivo interno”, argumentou. Já o engenheiro Cléber Sousa, que também mora na região do Jardim Tiradentes, avaliou que é preciso ter cuidado para não haver desordem no trânsito da região. “As ruas são estreitas e, para isso, a questão da mobilidade e colocar micro-ônibus pode provocar tumulto. Tudo teria que ser organizado, ter um planejamento efetivo para isso”, analisou.

Infraestrutura 
Como complemento da descentralização do transporte em Aparecida, outro ponto enfatizado pelo grupo de trabalho foi a necessidade de se promover obras de infraestrutura, a exemplo do BRT Norte-Sul, que está sendo construído em Goiânia. O agente de trânsito Fábio Assis relatou que, além de viabilização de eixos de transporte na cidade, também seria válido uma conscientização dos condutores, não estacionando em locais proibidos ou que venham atrapalhar o deslocamento dos ônibus, em vias estreitas, diminuindo a necessidade de adequações viárias de infraestrutura.

Micromobilidade 
O diretor de projetos da Secretaria de Infraestrutura de Aparecida, Willian Ludovico Filho, apresentou a micromobilidade como alternativa para pequenos deslocamentos em Aparecida. Ele citou que essa também pode ser uma alternativa para se retirar veículos das ruas e colaborar para um trânsito com maior fluidez e segurança.
Willian defendeu que a prefeitura continue fortalecendo o modal cicloviário na cidade, com a implantação de novas ciclovias. Ele também entende que outra ação seria a utilização e a regulamentação de patinetes elétricos. “São mecanismos de transporte que podem ajudar a desafogar o trânsito. Nós temos que tirar veículos das ruas e, para isso, é preciso disponibilizar outros modais de transporte, para que as pessoas venham deixar carros em casa”, analisou.

Análise
O prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, avalia que, em sua gestão, ocorreram alguns avanços em relação às demandas na área de Mobilidade Urbana, mas disse que ainda há muitas carências a serem atendidas pelo poder público municipal. “Esse é um dos temas que a cidade tem mais aplicado recursos, tanto a pavimentação asfáltica, a construção de eixos estruturantes, viadutos e bueiros celulares. Avançamos muito, mas claro, precisamos melhorar a mobilidade na cidade”, ressaltou. Gustavo Mendanha lembrou o período que presidiu a Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo (CDTC), entre 2017 e 2018, e solicitou das empresas a criação de seis novas linhas de ônibus interbairros.

Expediente

Reportagem
Aline Bouhid, Karine Rodrigues, Luísa Gomes, Samuel Straioto, Wanessa Rodrigues e Warlem Sabino

Fotografia
Alex Malheiros e Cedoc da Prefeitura de Aparecida de Goiânia
Produção
Jaime Câmara Eventos
Realização
Núcleo Independente de Conteúdo

Diagramação, arte e edição
Oficina de Comunicação
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