Redução dos espaços é uma das soluções
Grande distanciamento entre bairros provoca inúmeros problemas, como aumento da violência, especulação imobiliária e dificuldade de acesso aos serviços públicos
Projeto escola de resíduo zero, compostagem, hortas urbanas em terrenos baldios, miniparques e estímulos financeiros para que as pessoas separem o lixo. Essas foram algumas das mais de 20 sugestões apresentadas durante o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental dentro do projeto Agenda Aparecida 2050, realizado no último dia 23 de novembro, no Jardim Tiradentes, em Aparecida de Goiânia.
Coordenado pelo professor Antônio Pasqualetto, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, o grupo de trabalho debateu ainda sobre os desafios da reciclagem e da universalização da coleta de esgoto na região, já que muitos bairros ainda utilizam fossa séptica. Maycon Borges de Paula, morador do Setor Colina Azul, explica que, mesmo tendo esgoto (recente) na região, a rede necessita de manutenção. “Neste período de chuvas, as ruas do meu bairro vivem com mau cheiro. Parece que o esgoto escorre pelas ruas. Quando eram fossas, ao menos não tinha esse fedor”, detalha.
Grande parte das discussões girou em torno da necessidade de transformar a coleta seletiva em hábito. Para que ela aconteça, a primeira etapa começa justamente com o cidadão, que precisa estar conscientizado sobre a necessidade de separar o lixo dentro de casa e estar educado em como fazer essa separação de maneira correta. “A partir do momento em que não há essa preparação dentro de casa, toda a sequência na cadeia da reciclagem acaba sendo prejudicada”, explica Pasqualetto.
Pesquisa do Instituto Fortiori mostra que mais de 45% dos moradores da região têm o hábito de separar latas de alumínio e que 43% deles sempre separam as garrafas plásticas. O problema é que as pessoas que afirmam que nunca fazem isso correspondem a 46% e a 48%, respectivamente.
Plástico
Estudos recentes indicam que o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. O País também é um dos que menos recicla esse tipo de material: apenas 1,2%, ou seja, 145.043 toneladas. A produção de lixo acaba crescendo mais que a sustentabilidade no País.
Os resíduos sólidos urbanos abrangem tanto o lixo doméstico quanto a limpeza urbana - coletados nas cidades pelos serviços locais. Sobre isso, Regis Inácio Borges, ex-diretor de resíduos sólidos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e, atualmente, diretor na Secretaria de Meio Ambiente de Aparecida, informou que existe a coleta seletiva de lixo na região da Cidade Livre/Tiradentes. Moradoras que integraram o grupo de trabalho argumentaram, no entanto, que desconhecem o serviço e que talvez ele precise ser mais difundido e com horários estabelecidos.
Atualmente, de acordo com dados oficiais da pasta, a coleta seletiva atende mais de 90 bairros da cidade, dentre eles Garavelo, Bairro Ilda, Centro, Vila Mariana, Setor Araguaia, Cruzeiro do Sul, Jardim Luz, Residencial Brasicon, Conjunto Estrela do Sul, Vila Brasília e Setor dos Afonsos. “Com a coleta seletiva conseguimos reduzir a quantidade de resíduos sólidos despejados no aterro sanitário, aumentando, assim, a sua vida e reduzindo os riscos de contaminação do meio ambiente”, pontuou Regis.
O tema da coleta seletiva se relaciona aos programas de incentivo à compostagem sugeridos pelo grupo. O coordenador do grupo de trabalho comentou que a maior parte do lixo doméstico (67%) é formada por restos de alimentos e explicou que se a compostagem fosse disseminada, os resíduos seriam menores. “A coleta seletiva está distante de ser universalizada. Enquanto o mundo fala em economia circular e alternativas mais avançadas de destinação/reaproveitamento de resíduos, ainda precisamos lidar com um problema de comportamento da população: o brasileiro ainda está aprendendo a jogar lixo no lixo e a fazer a separação do resíduo com potencial de reciclagem", explicou.
Ações em parceria com o poder público
Consenso entre o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental foi a necessidade de conscientização da população, com ações em parceria com o poder público. Para tanto, a sugestão dos presentes no debate foi de criação de estímulos financeiros, como ITU progressivo ou ainda campanhas do tipo “recolha plástico e troque por cupons de sorteios”. “A ideia é consolidar a cultura de que reciclar o lixo é uma necessidade. A gente tem que entender que devemos reciclar para que o material não vá para os aterros, lixões, canais e rios”, explica o coordenador do grupo de trabalho, professor Antônio Pasqualetto.
A questão do lixo foi uma preocupação constante por conta da baixa quantidade reciclada. O coordenador e os membros do grupo de trabalho chegaram à conclusão que, mesmo sendo ótima a ideia de separação em diferentes cores de lixeira, medida mais simples poderia ter mais adesão: apenas separar o orgânico do inorgânico.
Parque Tiradentes
Nas escolas, o grupo de trabalho discutiu a adesão a programas de resíduo zero, hortas e substituição de torneiras por mecanismos com sensores para economia de água. Foi sugerido um projeto cooperativo socioambiental que integre alunos e moradores do bairro. A ideia básica do projeto seria transformar o resíduo orgânico em adubo (compostagem) e, posteriormente, em horta e mais alimentos para abastecer a escola. Além disso, o grupo reconheceu que a escola pode ajudar mais quando se trata de sustentabilidade e economia de recursos hídricos.
Os professores demonstraram preocupação com a área verde no fundo do EMEI Monteiro Lobato, pedindo fechamento da área por conta de problemas com segurança. Além disso, muitos relataram a presença de lixos em lotes baldios na região. Diante disso, o grupo discutiu uma proposta que já existe na Prefeitura de Curitiba e que aproveita os lotes baldios para a construção de hortas comunitárias. O que poderia fortalecer o elo entre a comunidade e instituições sociais e promovendo ainda mais o fortalecimento da agricultura familiar.
Roçagem
A limpeza e roçagem dos lotes foi outro tema discutido. Regis Borges, da Secretaria de Meio Ambiente, citou que já existe o serviço de Disque e Busque em 24 horas na Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Por meio do telefone 3545-6040, o morador pode solicitar a coleta de objetos (móveis e eletrodomésticos usados) que não deseja mais e uma equipe agenda o horário para a coleta.
Ele explicou que, depois de recolhido, os materiais que podem ser reaproveitados são destinados às cooperativas de reciclagem do município, que trabalham no Internacional Park. O restante é encaminhado ao Aterro Sanitário. Regis também anunciou, em primeira mão, projeto da Prefeitura de construção do Parque Tiradentes. Mostrou o projeto e informou que a obra será executada em até seis meses.
“Nós fazemos esse trabalho com voluntários”, diz Gerson de Souza Arrais Neto, presidente da ONG, que tem mais de 40 anos de existência, sempre engajada em ações ambientais. Eles mantêm um viveiro no bairro Moinho dos Ventos, em Aparecida de Goiânia, onde são cultivadas as mudas que serão plantadas em várias partes da cidade em regime de mutirão. “Nós já plantamos em diversos lugares durante este tempo, como na parte de trás do ginásio do Jardim América, em frente ao SESC Faiçalville, em colégios e praças, como na Vila Canãa”, relata Gerson.
Uma das prioridades do projeto, que conta com a parceria com o Movimento Nós + Árvores, comandado pela bióloga Nathalia Machado, é levar este plantio para as regiões mais periféricas da Grande Goiânia. “Lá, a necessidade é ainda maior. As praças geralmente não são bem urbanizadas e as avenidas precisam de árvores”, aponta Gerson. Ações conjuntas têm conseguido apoio de parte da sociedade, mas a avaliação é que ainda há muito o que fazer. “Nosso objetivo é fazer uma grande mobilização para plantar 1.500 árvores num só dia. Precisaríamos de 50 equipes para isso.”
Esse trabalho é mais minucioso porque as árvores plantadas pelo grupo são previamente preparadas para que possam ter mais chances de sobreviver e crescer. “Nós fazemos os ‘berços de vida’. Preparamos a cova e a adubamos. Quando plantamos a muda, também semeamos plantas ao redor que vão criar uma competição saudável que ajuda a estabilizar o local. São leguminosas, como feijão, mamonas. Colocamos palha e isso evita que nasçam gramíneas. Essas plantas, por terem ciclos de vida breves, morrem e adubam a árvore, além de manterem vivos micro-organismos ali.”
Segundo Gerson, essa técnica aumenta em até 60% as chances de a muda “pegar”. Um cuidado associado é saber qual tipo de árvore deve ser plantada nos locais adequados. “Há espécies mais apropriadas para as calçadas por não crescerem mais de 2 metros, evitando atingir a fiação pública. Outras, que têm raízes mais superficiais, como os flamboyants, que é uma espécie exógena do Cerrado, não são recomendadas para serem plantadas em vias públicas e sim em praças, já que elas podem danificar as calçadas e o asfalto das ruas”, ensina.
Uma das preocupações dos voluntários é repor os espaços que ficaram vazios por conta de retirada de árvores com espécies típicas da região. “Na área em que está Goiânia, temos um bioma com árvores de maior porte, de Mata de Cerrado, que não é aquele de árvores pequenas e retorcidas. Tanto é assim que o Jardim Botânico e o Parque Ecológico têm essas árvores maiores.” Há ainda a atenção em variar as espécies. “Tivemos um problema com essa falta de variedade no tempo da mungubas. Se uma doença der em uma das árvores, a chance de dar em todas as outras é grande.”
Atualmente, a ONG tem em cultivo mais de 10 mil mudas, sendo que 25% delas já estão prontas para o plantio imediato. São pés de ipê caraíba, urucum, bálsamo, quaresmeira, cega-machado, guapuruvu, cravo da índia, pau ferro, ipê roxo, jacarandá. “As escolas também costumam pedir o plantio de árvores frutíferas”, revela Gerson. Mangueiras e pés de fruta-pão costumam ser levados para esses lugares. “Nós queremos que as árvores fiquem mais próximas das pessoas, que elas entendam a importância que têm para a sustentação de todo o ecossitema em que estamos.”
Segundo o presidente da ARCA, há uma espécie de resistência em relação às árvores por incômodos pontuais que elas podem causar. “Reclamam que elas estragam calçamento, que sujam com suas folhas, que podem cair durante as tempestades. Mas os benefícios são muito maiores. Elas regulam o clima da cidade, melhoram o regime de chuvas, absorvem os grandes volumes de água evitando enchentes, deixam a umidade do ar melhor, auxiliam na recomposição do lençol freático”, enumera. Além disso trazem pássaros, dão frutos e – dádiva em Goiânia – também fornecem sombra.
Uma capital arborizada
A prioridade que as ações de arborização têm dado a praças de bairros mais distantes em Goiânia e a escolas faz sentido, uma vez que as zonas mais centrais da capital têm um nível elogiável nesse sentido. Nas duas últimas décadas, pesquisas realizadas a respeito, como a feita pelo IBGE em 2010, colocaram Goiânia entre os centros urbanos com mais árvores do País. Mas se temos bosques, parques e avenidas bem servidas de sombras, há outras regiões que carecem do benefício. São nas praças e avenidas com poucas árvores, assim como fundos de vale, que as iniciativas se concentram.
A cidade ganhou em 2008 um Plano Diretor de Arborização Urbana. O documento, produzido pela Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), traz diretrizes para a criação de unidades ambientais, instruções sobre como plantar e manter uma muda, orientações acerca de espécies a serem cultivadas e informações sobre legislações que definem limites e parâmetros para a área. Segundo o plano, os dados “visam uma arborização planejada e adequada para as vias públicas, de forma que essa arborização traga benefícios diretos no meio ambiente.”
O documento salienta que qualquer retirada de árvore precisa de prévia autorização, em vias públicas ou em propriedades privadas, já que as árvores são consideradas, legalmente, “bens de interesse comum do Município”. Mesmo a poda em áreas de vias públicas só pode ser feita por funcionários da Prefeitura. Novos loteamentos também necessitam de um projeto de arborização para ser aprovados. Goiânia mantém um programa de distribuição de mudas para a população, chamado Plante a Vida, que funciona desde 2005 e já ofereceu mais de 1 milhão de mudas.
Projeto escola de resíduo zero, compostagem, hortas urbanas em terrenos baldios, miniparques e estímulos financeiros para que as pessoas separem o lixo. Essas foram algumas das mais de 20 sugestões apresentadas durante o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental dentro do projeto Agenda Aparecida 2050, realizado no último dia 23 de novembro, no Jardim Tiradentes, em Aparecida de Goiânia.
Coordenado pelo professor Antônio Pasqualetto, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, o grupo de trabalho debateu ainda sobre os desafios da reciclagem e da universalização da coleta de esgoto na região, já que muitos bairros ainda utilizam fossa séptica. Maycon Borges de Paula, morador do Setor Colina Azul, explica que, mesmo tendo esgoto (recente) na região, a rede necessita de manutenção. “Neste período de chuvas, as ruas do meu bairro vivem com mau cheiro. Parece que o esgoto escorre pelas ruas. Quando eram fossas, ao menos não tinha esse fedor”, detalha.
Grande parte das discussões girou em torno da necessidade de transformar a coleta seletiva em hábito. Para que ela aconteça, a primeira etapa começa justamente com o cidadão, que precisa estar conscientizado sobre a necessidade de separar o lixo dentro de casa e estar educado em como fazer essa separação de maneira correta. “A partir do momento em que não há essa preparação dentro de casa, toda a sequência na cadeia da reciclagem acaba sendo prejudicada”, explica Pasqualetto.
Pesquisa do Instituto Fortiori mostra que mais de 45% dos moradores da região têm o hábito de separar latas de alumínio e que 43% deles sempre separam as garrafas plásticas. O problema é que as pessoas que afirmam que nunca fazem isso correspondem a 46% e a 48%, respectivamente.
Plástico
Estudos recentes indicam que o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. O País também é um dos que menos recicla esse tipo de material: apenas 1,2%, ou seja, 145.043 toneladas. A produção de lixo acaba crescendo mais que a sustentabilidade no País.
Os resíduos sólidos urbanos abrangem tanto o lixo doméstico quanto a limpeza urbana - coletados nas cidades pelos serviços locais. Sobre isso, Regis Inácio Borges, ex-diretor de resíduos sólidos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e, atualmente, diretor na Secretaria de Meio Ambiente de Aparecida, informou que existe a coleta seletiva de lixo na região da Cidade Livre/Tiradentes. Moradoras que integraram o grupo de trabalho argumentaram, no entanto, que desconhecem o serviço e que talvez ele precise ser mais difundido e com horários estabelecidos.
Atualmente, de acordo com dados oficiais da pasta, a coleta seletiva atende mais de 90 bairros da cidade, dentre eles Garavelo, Bairro Ilda, Centro, Vila Mariana, Setor Araguaia, Cruzeiro do Sul, Jardim Luz, Residencial Brasicon, Conjunto Estrela do Sul, Vila Brasília e Setor dos Afonsos. “Com a coleta seletiva conseguimos reduzir a quantidade de resíduos sólidos despejados no aterro sanitário, aumentando, assim, a sua vida e reduzindo os riscos de contaminação do meio ambiente”, pontuou Regis.
O tema da coleta seletiva se relaciona aos programas de incentivo à compostagem sugeridos pelo grupo. O coordenador do grupo de trabalho comentou que a maior parte do lixo doméstico (67%) é formada por restos de alimentos e explicou que se a compostagem fosse disseminada, os resíduos seriam menores. “A coleta seletiva está distante de ser universalizada. Enquanto o mundo fala em economia circular e alternativas mais avançadas de destinação/reaproveitamento de resíduos, ainda precisamos lidar com um problema de comportamento da população: o brasileiro ainda está aprendendo a jogar lixo no lixo e a fazer a separação do resíduo com potencial de reciclagem", explicou.
Ações em parceria com o poder público
Consenso entre o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental foi a necessidade de conscientização da população, com ações em parceria com o poder público. Para tanto, a sugestão dos presentes no debate foi de criação de estímulos financeiros, como ITU progressivo ou ainda campanhas do tipo “recolha plástico e troque por cupons de sorteios”. “A ideia é consolidar a cultura de que reciclar o lixo é uma necessidade. A gente tem que entender que devemos reciclar para que o material não vá para os aterros, lixões, canais e rios”, explica o coordenador do grupo de trabalho, professor Antônio Pasqualetto.
A questão do lixo foi uma preocupação constante por conta da baixa quantidade reciclada. O coordenador e os membros do grupo de trabalho chegaram à conclusão que, mesmo sendo ótima a ideia de separação em diferentes cores de lixeira, medida mais simples poderia ter mais adesão: apenas separar o orgânico do inorgânico.
Parque Tiradentes
Nas escolas, o grupo de trabalho discutiu a adesão a programas de resíduo zero, hortas e substituição de torneiras por mecanismos com sensores para economia de água. Foi sugerido um projeto cooperativo socioambiental que integre alunos e moradores do bairro. A ideia básica do projeto seria transformar o resíduo orgânico em adubo (compostagem) e, posteriormente, em horta e mais alimentos para abastecer a escola. Além disso, o grupo reconheceu que a escola pode ajudar mais quando se trata de sustentabilidade e economia de recursos hídricos.
Os professores demonstraram preocupação com a área verde no fundo do EMEI Monteiro Lobato, pedindo fechamento da área por conta de problemas com segurança. Além disso, muitos relataram a presença de lixos em lotes baldios na região. Diante disso, o grupo discutiu uma proposta que já existe na Prefeitura de Curitiba e que aproveita os lotes baldios para a construção de hortas comunitárias. O que poderia fortalecer o elo entre a comunidade e instituições sociais e promovendo ainda mais o fortalecimento da agricultura familiar.
Roçagem
A limpeza e roçagem dos lotes foi outro tema discutido. Regis Borges, da Secretaria de Meio Ambiente, citou que já existe o serviço de Disque e Busque em 24 horas na Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Por meio do telefone 3545-6040, o morador pode solicitar a coleta de objetos (móveis e eletrodomésticos usados) que não deseja mais e uma equipe agenda o horário para a coleta.
Ele explicou que, depois de recolhido, os materiais que podem ser reaproveitados são destinados às cooperativas de reciclagem do município, que trabalham no Internacional Park. O restante é encaminhado ao Aterro Sanitário. Regis também anunciou, em primeira mão, projeto da Prefeitura de construção do Parque Tiradentes. Mostrou o projeto e informou que a obra será executada em até seis meses.
“Nós fazemos esse trabalho com voluntários”, diz Gerson de Souza Arrais Neto, presidente da ONG, que tem mais de 40 anos de existência, sempre engajada em ações ambientais. Eles mantêm um viveiro no bairro Moinho dos Ventos, em Aparecida de Goiânia, onde são cultivadas as mudas que serão plantadas em várias partes da cidade em regime de mutirão. “Nós já plantamos em diversos lugares durante este tempo, como na parte de trás do ginásio do Jardim América, em frente ao SESC Faiçalville, em colégios e praças, como na Vila Canãa”, relata Gerson.
Uma das prioridades do projeto, que conta com a parceria com o Movimento Nós + Árvores, comandado pela bióloga Nathalia Machado, é levar este plantio para as regiões mais periféricas da Grande Goiânia. “Lá, a necessidade é ainda maior. As praças geralmente não são bem urbanizadas e as avenidas precisam de árvores”, aponta Gerson. Ações conjuntas têm conseguido apoio de parte da sociedade, mas a avaliação é que ainda há muito o que fazer. “Nosso objetivo é fazer uma grande mobilização para plantar 1.500 árvores num só dia. Precisaríamos de 50 equipes para isso.”
Esse trabalho é mais minucioso porque as árvores plantadas pelo grupo são previamente preparadas para que possam ter mais chances de sobreviver e crescer. “Nós fazemos os ‘berços de vida’. Preparamos a cova e a adubamos. Quando plantamos a muda, também semeamos plantas ao redor que vão criar uma competição saudável que ajuda a estabilizar o local. São leguminosas, como feijão, mamonas. Colocamos palha e isso evita que nasçam gramíneas. Essas plantas, por terem ciclos de vida breves, morrem e adubam a árvore, além de manterem vivos micro-organismos ali.”
Segundo Gerson, essa técnica aumenta em até 60% as chances de a muda “pegar”. Um cuidado associado é saber qual tipo de árvore deve ser plantada nos locais adequados. “Há espécies mais apropriadas para as calçadas por não crescerem mais de 2 metros, evitando atingir a fiação pública. Outras, que têm raízes mais superficiais, como os flamboyants, que é uma espécie exógena do Cerrado, não são recomendadas para serem plantadas em vias públicas e sim em praças, já que elas podem danificar as calçadas e o asfalto das ruas”, ensina.
Uma das preocupações dos voluntários é repor os espaços que ficaram vazios por conta de retirada de árvores com espécies típicas da região. “Na área em que está Goiânia, temos um bioma com árvores de maior porte, de Mata de Cerrado, que não é aquele de árvores pequenas e retorcidas. Tanto é assim que o Jardim Botânico e o Parque Ecológico têm essas árvores maiores.” Há ainda a atenção em variar as espécies. “Tivemos um problema com essa falta de variedade no tempo da mungubas. Se uma doença der em uma das árvores, a chance de dar em todas as outras é grande.”
Atualmente, a ONG tem em cultivo mais de 10 mil mudas, sendo que 25% delas já estão prontas para o plantio imediato. São pés de ipê caraíba, urucum, bálsamo, quaresmeira, cega-machado, guapuruvu, cravo da índia, pau ferro, ipê roxo, jacarandá. “As escolas também costumam pedir o plantio de árvores frutíferas”, revela Gerson. Mangueiras e pés de fruta-pão costumam ser levados para esses lugares. “Nós queremos que as árvores fiquem mais próximas das pessoas, que elas entendam a importância que têm para a sustentação de todo o ecossitema em que estamos.”
Segundo o presidente da ARCA, há uma espécie de resistência em relação às árvores por incômodos pontuais que elas podem causar. “Reclamam que elas estragam calçamento, que sujam com suas folhas, que podem cair durante as tempestades. Mas os benefícios são muito maiores. Elas regulam o clima da cidade, melhoram o regime de chuvas, absorvem os grandes volumes de água evitando enchentes, deixam a umidade do ar melhor, auxiliam na recomposição do lençol freático”, enumera. Além disso trazem pássaros, dão frutos e – dádiva em Goiânia – também fornecem sombra.
Uma capital arborizada
A prioridade que as ações de arborização têm dado a praças de bairros mais distantes em Goiânia e a escolas faz sentido, uma vez que as zonas mais centrais da capital têm um nível elogiável nesse sentido. Nas duas últimas décadas, pesquisas realizadas a respeito, como a feita pelo IBGE em 2010, colocaram Goiânia entre os centros urbanos com mais árvores do País. Mas se temos bosques, parques e avenidas bem servidas de sombras, há outras regiões que carecem do benefício. São nas praças e avenidas com poucas árvores, assim como fundos de vale, que as iniciativas se concentram.
A cidade ganhou em 2008 um Plano Diretor de Arborização Urbana. O documento, produzido pela Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), traz diretrizes para a criação de unidades ambientais, instruções sobre como plantar e manter uma muda, orientações acerca de espécies a serem cultivadas e informações sobre legislações que definem limites e parâmetros para a área. Segundo o plano, os dados “visam uma arborização planejada e adequada para as vias públicas, de forma que essa arborização traga benefícios diretos no meio ambiente.”
O documento salienta que qualquer retirada de árvore precisa de prévia autorização, em vias públicas ou em propriedades privadas, já que as árvores são consideradas, legalmente, “bens de interesse comum do Município”. Mesmo a poda em áreas de vias públicas só pode ser feita por funcionários da Prefeitura. Novos loteamentos também necessitam de um projeto de arborização para ser aprovados. Goiânia mantém um programa de distribuição de mudas para a população, chamado Plante a Vida, que funciona desde 2005 e já ofereceu mais de 1 milhão de mudas.
Projeto escola de resíduo zero, compostagem, hortas urbanas em terrenos baldios, miniparques e estímulos financeiros para que as pessoas separem o lixo. Essas foram algumas das mais de 20 sugestões apresentadas durante o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental dentro do projeto Agenda Aparecida 2050, realizado no último dia 23 de novembro, no Jardim Tiradentes, em Aparecida de Goiânia.
Coordenado pelo professor Antônio Pasqualetto, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, o grupo de trabalho debateu ainda sobre os desafios da reciclagem e da universalização da coleta de esgoto na região, já que muitos bairros ainda utilizam fossa séptica. Maycon Borges de Paula, morador do Setor Colina Azul, explica que, mesmo tendo esgoto (recente) na região, a rede necessita de manutenção. “Neste período de chuvas, as ruas do meu bairro vivem com mau cheiro. Parece que o esgoto escorre pelas ruas. Quando eram fossas, ao menos não tinha esse fedor”, detalha.
Grande parte das discussões girou em torno da necessidade de transformar a coleta seletiva em hábito. Para que ela aconteça, a primeira etapa começa justamente com o cidadão, que precisa estar conscientizado sobre a necessidade de separar o lixo dentro de casa e estar educado em como fazer essa separação de maneira correta. “A partir do momento em que não há essa preparação dentro de casa, toda a sequência na cadeia da reciclagem acaba sendo prejudicada”, explica Pasqualetto.
Pesquisa do Instituto Fortiori mostra que mais de 45% dos moradores da região têm o hábito de separar latas de alumínio e que 43% deles sempre separam as garrafas plásticas. O problema é que as pessoas que afirmam que nunca fazem isso correspondem a 46% e a 48%, respectivamente.
Plástico
Estudos recentes indicam que o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. O País também é um dos que menos recicla esse tipo de material: apenas 1,2%, ou seja, 145.043 toneladas. A produção de lixo acaba crescendo mais que a sustentabilidade no País.
Os resíduos sólidos urbanos abrangem tanto o lixo doméstico quanto a limpeza urbana - coletados nas cidades pelos serviços locais. Sobre isso, Regis Inácio Borges, ex-diretor de resíduos sólidos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e, atualmente, diretor na Secretaria de Meio Ambiente de Aparecida, informou que existe a coleta seletiva de lixo na região da Cidade Livre/Tiradentes. Moradoras que integraram o grupo de trabalho argumentaram, no entanto, que desconhecem o serviço e que talvez ele precise ser mais difundido e com horários estabelecidos.
Atualmente, de acordo com dados oficiais da pasta, a coleta seletiva atende mais de 90 bairros da cidade, dentre eles Garavelo, Bairro Ilda, Centro, Vila Mariana, Setor Araguaia, Cruzeiro do Sul, Jardim Luz, Residencial Brasicon, Conjunto Estrela do Sul, Vila Brasília e Setor dos Afonsos. “Com a coleta seletiva conseguimos reduzir a quantidade de resíduos sólidos despejados no aterro sanitário, aumentando, assim, a sua vida e reduzindo os riscos de contaminação do meio ambiente”, pontuou Regis.
O tema da coleta seletiva se relaciona aos programas de incentivo à compostagem sugeridos pelo grupo. O coordenador do grupo de trabalho comentou que a maior parte do lixo doméstico (67%) é formada por restos de alimentos e explicou que se a compostagem fosse disseminada, os resíduos seriam menores. “A coleta seletiva está distante de ser universalizada. Enquanto o mundo fala em economia circular e alternativas mais avançadas de destinação/reaproveitamento de resíduos, ainda precisamos lidar com um problema de comportamento da população: o brasileiro ainda está aprendendo a jogar lixo no lixo e a fazer a separação do resíduo com potencial de reciclagem", explicou.
Ações em parceria com o poder público
Consenso entre o grupo de trabalho que discutiu Sustentabilidade Socioambiental foi a necessidade de conscientização da população, com ações em parceria com o poder público. Para tanto, a sugestão dos presentes no debate foi de criação de estímulos financeiros, como ITU progressivo ou ainda campanhas do tipo “recolha plástico e troque por cupons de sorteios”. “A ideia é consolidar a cultura de que reciclar o lixo é uma necessidade. A gente tem que entender que devemos reciclar para que o material não vá para os aterros, lixões, canais e rios”, explica o coordenador do grupo de trabalho, professor Antônio Pasqualetto.
A questão do lixo foi uma preocupação constante por conta da baixa quantidade reciclada. O coordenador e os membros do grupo de trabalho chegaram à conclusão que, mesmo sendo ótima a ideia de separação em diferentes cores de lixeira, medida mais simples poderia ter mais adesão: apenas separar o orgânico do inorgânico.
Parque Tiradentes
Nas escolas, o grupo de trabalho discutiu a adesão a programas de resíduo zero, hortas e substituição de torneiras por mecanismos com sensores para economia de água. Foi sugerido um projeto cooperativo socioambiental que integre alunos e moradores do bairro. A ideia básica do projeto seria transformar o resíduo orgânico em adubo (compostagem) e, posteriormente, em horta e mais alimentos para abastecer a escola. Além disso, o grupo reconheceu que a escola pode ajudar mais quando se trata de sustentabilidade e economia de recursos hídricos.
Os professores demonstraram preocupação com a área verde no fundo do EMEI Monteiro Lobato, pedindo fechamento da área por conta de problemas com segurança. Além disso, muitos relataram a presença de lixos em lotes baldios na região. Diante disso, o grupo discutiu uma proposta que já existe na Prefeitura de Curitiba e que aproveita os lotes baldios para a construção de hortas comunitárias. O que poderia fortalecer o elo entre a comunidade e instituições sociais e promovendo ainda mais o fortalecimento da agricultura familiar.
Roçagem
A limpeza e roçagem dos lotes foi outro tema discutido. Regis Borges, da Secretaria de Meio Ambiente, citou que já existe o serviço de Disque e Busque em 24 horas na Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Por meio do telefone 3545-6040, o morador pode solicitar a coleta de objetos (móveis e eletrodomésticos usados) que não deseja mais e uma equipe agenda o horário para a coleta.
Ele explicou que, depois de recolhido, os materiais que podem ser reaproveitados são destinados às cooperativas de reciclagem do município, que trabalham no Internacional Park. O restante é encaminhado ao Aterro Sanitário. Regis também anunciou, em primeira mão, projeto da Prefeitura de construção do Parque Tiradentes. Mostrou o projeto e informou que a obra será executada em até seis meses.
“Nós fazemos esse trabalho com voluntários”, diz Gerson de Souza Arrais Neto, presidente da ONG, que tem mais de 40 anos de existência, sempre engajada em ações ambientais. Eles mantêm um viveiro no bairro Moinho dos Ventos, em Aparecida de Goiânia, onde são cultivadas as mudas que serão plantadas em várias partes da cidade em regime de mutirão. “Nós já plantamos em diversos lugares durante este tempo, como na parte de trás do ginásio do Jardim América, em frente ao SESC Faiçalville, em colégios e praças, como na Vila Canãa”, relata Gerson.
Uma das prioridades do projeto, que conta com a parceria com o Movimento Nós + Árvores, comandado pela bióloga Nathalia Machado, é levar este plantio para as regiões mais periféricas da Grande Goiânia. “Lá, a necessidade é ainda maior. As praças geralmente não são bem urbanizadas e as avenidas precisam de árvores”, aponta Gerson. Ações conjuntas têm conseguido apoio de parte da sociedade, mas a avaliação é que ainda há muito o que fazer. “Nosso objetivo é fazer uma grande mobilização para plantar 1.500 árvores num só dia. Precisaríamos de 50 equipes para isso.”
Esse trabalho é mais minucioso porque as árvores plantadas pelo grupo são previamente preparadas para que possam ter mais chances de sobreviver e crescer. “Nós fazemos os ‘berços de vida’. Preparamos a cova e a adubamos. Quando plantamos a muda, também semeamos plantas ao redor que vão criar uma competição saudável que ajuda a estabilizar o local. São leguminosas, como feijão, mamonas. Colocamos palha e isso evita que nasçam gramíneas. Essas plantas, por terem ciclos de vida breves, morrem e adubam a árvore, além de manterem vivos micro-organismos ali.”
Segundo Gerson, essa técnica aumenta em até 60% as chances de a muda “pegar”. Um cuidado associado é saber qual tipo de árvore deve ser plantada nos locais adequados. “Há espécies mais apropriadas para as calçadas por não crescerem mais de 2 metros, evitando atingir a fiação pública. Outras, que têm raízes mais superficiais, como os flamboyants, que é uma espécie exógena do Cerrado, não são recomendadas para serem plantadas em vias públicas e sim em praças, já que elas podem danificar as calçadas e o asfalto das ruas”, ensina.
Uma das preocupações dos voluntários é repor os espaços que ficaram vazios por conta de retirada de árvores com espécies típicas da região. “Na área em que está Goiânia, temos um bioma com árvores de maior porte, de Mata de Cerrado, que não é aquele de árvores pequenas e retorcidas. Tanto é assim que o Jardim Botânico e o Parque Ecológico têm essas árvores maiores.” Há ainda a atenção em variar as espécies. “Tivemos um problema com essa falta de variedade no tempo da mungubas. Se uma doença der em uma das árvores, a chance de dar em todas as outras é grande.”
Atualmente, a ONG tem em cultivo mais de 10 mil mudas, sendo que 25% delas já estão prontas para o plantio imediato. São pés de ipê caraíba, urucum, bálsamo, quaresmeira, cega-machado, guapuruvu, cravo da índia, pau ferro, ipê roxo, jacarandá. “As escolas também costumam pedir o plantio de árvores frutíferas”, revela Gerson. Mangueiras e pés de fruta-pão costumam ser levados para esses lugares. “Nós queremos que as árvores fiquem mais próximas das pessoas, que elas entendam a importância que têm para a sustentação de todo o ecossitema em que estamos.”
Segundo o presidente da ARCA, há uma espécie de resistência em relação às árvores por incômodos pontuais que elas podem causar. “Reclamam que elas estragam calçamento, que sujam com suas folhas, que podem cair durante as tempestades. Mas os benefícios são muito maiores. Elas regulam o clima da cidade, melhoram o regime de chuvas, absorvem os grandes volumes de água evitando enchentes, deixam a umidade do ar melhor, auxiliam na recomposição do lençol freático”, enumera. Além disso trazem pássaros, dão frutos e – dádiva em Goiânia – também fornecem sombra.
Uma capital arborizada
A prioridade que as ações de arborização têm dado a praças de bairros mais distantes em Goiânia e a escolas faz sentido, uma vez que as zonas mais centrais da capital têm um nível elogiável nesse sentido. Nas duas últimas décadas, pesquisas realizadas a respeito, como a feita pelo IBGE em 2010, colocaram Goiânia entre os centros urbanos com mais árvores do País. Mas se temos bosques, parques e avenidas bem servidas de sombras, há outras regiões que carecem do benefício. São nas praças e avenidas com poucas árvores, assim como fundos de vale, que as iniciativas se concentram.
A cidade ganhou em 2008 um Plano Diretor de Arborização Urbana. O documento, produzido pela Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), traz diretrizes para a criação de unidades ambientais, instruções sobre como plantar e manter uma muda, orientações acerca de espécies a serem cultivadas e informações sobre legislações que definem limites e parâmetros para a área. Segundo o plano, os dados “visam uma arborização planejada e adequada para as vias públicas, de forma que essa arborização traga benefícios diretos no meio ambiente.”
O documento salienta que qualquer retirada de árvore precisa de prévia autorização, em vias públicas ou em propriedades privadas, já que as árvores são consideradas, legalmente, “bens de interesse comum do Município”. Mesmo a poda em áreas de vias públicas só pode ser feita por funcionários da Prefeitura. Novos loteamentos também necessitam de um projeto de arborização para ser aprovados. Goiânia mantém um programa de distribuição de mudas para a população, chamado Plante a Vida, que funciona desde 2005 e já ofereceu mais de 1 milhão de mudas.
Redução dos espaços é uma das soluções
Grande distanciamento entre bairros provoca inúmeros problemas, como aumento da violência, especulação imobiliária e dificuldade de acesso aos serviços públicos
Facilitar os deslocamentos internos em Aparecida de Goiânia e melhorar a condição de infraestrutura são algumas soluções encontradas para desenvolver a mobilidade urbana e facilitar a vida das 59 mil pessoas que vivem na região da Cidade Livre/Tiradentes. Uma estruturação mais eficaz do sistema de transporte coletivo é um dos desafios para os próximos 30 anos e pode ter, como resultado, melhor qualidade de vida para as pessoas.
Grupo de trabalho sobre Mobilidade e Acessibilidade do projeto Agenda Aparecida 2050 discutiu os problemas de momento e as soluções para o futuro. Hoje, deslocar entre as regiões de Aparecida é complicado. Pesquisa realizada pelo Instituto Fortiori indica que a avaliação do sistema de transporte público na região do Jardim Tiradentes piorou nos últimos 10 anos. Antes, 43% aprovavam e agora apenas 10% aprovam. A desaprovação era de 25% e agora é de 52,7%.
De acordo com o professor do curso de Engenharia de Transportes da Universidade Federal de Goiás (campus Aparecida da UFG), doutor Ronny Marcelo Aliaga Medrano, a maior parte das linhas de ônibus existentes foi projetada numa conexão com Goiânia e não internamente na própria cidade. “O nosso transporte é metropolitano, a prefeitura tenta fazer uma descentralização, mas é claro que hoje é insuficiente diante da demanda da população”, destacou.
Para que ocorra uma descentralização do sistema de transporte, foram apontadas algumas soluções como a criação de novas linhas de ônibus, redistribuição das linhas existentes, implantação do transporte alternativo interbairros, construção de nova infraestrutura para o sistema viário, com prioridade para os ônibus, revisão dos serviços indicados na concessão do transporte e implementação da micromobilidade, como alternativa para pequenos deslocamentos.
A carência de linhas interbairros em Aparecida é sentida na pele por quem mora na região do Tiradentes, como é o caso de Wanderley Dias da Cruz, que integra a Ação Social Comunitária da Vila Romana e bairros vizinhos. O líder comunitário citou o exemplo de se deslocar entre a Vila Romana e o Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa), localizado no Setor Conde dos Arcos. Para ele, com mais trajetos alternativos, poderia fazer com que muitas pessoas pudessem deixar o carro em casa. “Você demora muito mais num transporte da Vila Romana para o Huapa do que para o Centro de Goiânia. Há demanda, e assim poderíamos deixar o carro em casa”, avaliou.
Transporte alternativo
O grupo de trabalho avaliou que, com mais linhas alternativas, poderia haver diminuição no número de veículos circulando pelas vias públicas de Aparecida, o que refletiria em um trânsito com maior fluidez. Um tema polêmico avaliado é o transporte alternativo, com a colocação de micro-ônibus para fazer a ligação interbairros. O professor Ronny Medrano avaliou que é um ponto que exige análise mais cuidadosa, para evitar que o transporte clandestino aumente o problema e não resolvê-lo. Ele avalia que as atuais empresas que detém a concessão poderiam oferecer esse tipo de serviço.
Entre os moradores há pontos divergentes sobre o assunto. Wanderley da Cruz entende que o alternativo poderia ser utilizado para complementação do sistema com pequenas linhas. “Aparecida é uma das poucas cidades desse porte que não tem um transporte coletivo interno”, argumentou. Já o engenheiro Cléber Sousa, que também mora na região do Jardim Tiradentes, avaliou que é preciso ter cuidado para não haver desordem no trânsito da região. “As ruas são estreitas e, para isso, a questão da mobilidade e colocar micro-ônibus pode provocar tumulto. Tudo teria que ser organizado, ter um planejamento efetivo para isso”, analisou.
Infraestrutura
Como complemento da descentralização do transporte em Aparecida, outro ponto enfatizado pelo grupo de trabalho foi a necessidade de se promover obras de infraestrutura, a exemplo do BRT Norte-Sul, que está sendo construído em Goiânia. O agente de trânsito Fábio Assis relatou que, além de viabilização de eixos de transporte na cidade, também seria válido uma conscientização dos condutores, não estacionando em locais proibidos ou que venham atrapalhar o deslocamento dos ônibus, em vias estreitas, diminuindo a necessidade de adequações viárias de infraestrutura.
Micromobilidade
O diretor de projetos da Secretaria de Infraestrutura de Aparecida, Willian Ludovico Filho, apresentou a micromobilidade como alternativa para pequenos deslocamentos em Aparecida. Ele citou que essa também pode ser uma alternativa para se retirar veículos das ruas e colaborar para um trânsito com maior fluidez e segurança.
Willian defendeu que a prefeitura continue fortalecendo o modal cicloviário na cidade, com a implantação de novas ciclovias. Ele também entende que outra ação seria a utilização e a regulamentação de patinetes elétricos. “São mecanismos de transporte que podem ajudar a desafogar o trânsito. Nós temos que tirar veículos das ruas e, para isso, é preciso disponibilizar outros modais de transporte, para que as pessoas venham deixar carros em casa”, analisou.
Análise
O prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, avalia que, em sua gestão, ocorreram alguns avanços em relação às demandas na área de Mobilidade Urbana, mas disse que ainda há muitas carências a serem atendidas pelo poder público municipal. “Esse é um dos temas que a cidade tem mais aplicado recursos, tanto a pavimentação asfáltica, a construção de eixos estruturantes, viadutos e bueiros celulares. Avançamos muito, mas claro, precisamos melhorar a mobilidade na cidade”, ressaltou. Gustavo Mendanha lembrou o período que presidiu a Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo (CDTC), entre 2017 e 2018, e solicitou das empresas a criação de seis novas linhas de ônibus interbairros.