A história narrada por meio das capas do jornal O Popular

18/7/2007 - Chovia em Congonhas e o Airbus da TAM desceu no aeroporto paulista, mas não conseguiu parar. Atravessou toda a pista, uma avenida e se chocou contra um prédio administrativo da própria empresa aérea. Havia 187 pessoas a bordo. Todas morreram.  Em solo, outras 12 mortes. Ao todo, 199 vítimas daquele que se tornou o pior acidente aéreo ocorrido no Brasil. Anos de investigações sobre as causas da tragédia concluíram que houve uma somatória de erros. Os pilotos teriam se equivocado em um procedimento de pouso, a pista, encharcada, sem ranhuras e muito curta, não ajudou a parar o avião. Prometeu-se construir um novo aeroporto em São Paulo. Apenas promessas.

13/3/2009 - Ele tentou matar a mulher e a deixou ferida em uma rodovia, sequestrou sua própria filha de 5 anos de idade, roubou um avião em Luziânia e rumou para Goiânia com o propósito de provocar uma grande tragédia. Kléber Barbosa, pilotando a aeronave, deu rasantes em prédios, sobre um parque de diversões, fechou o aeroporto de Goiânia e mobilizou helicópteros da polícia e aviões da Força Aérea Brasileira. Depois de 40 minutos de cenas que pareciam de cinema, ele arremessou o avião contra uma das entradas do Shopping Flamboyant. Caiu no estacionamento tirando sua vida e da pequena Penélope, sua filha que estava a bordo, levando pânico a 10 mil pessoas. 

13/4/1984 - Todas as forças democráticas num mesmo palanque. Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Fernando Henrique Cardoso, Lula. A campanha das Diretas Já, como ficou conhecido o movimento, reuniu multidões pelo Brasil e o comício em Goiânia foi um dos mais emblemáticos. Não se sabe ao certo quantas pessoas participaram, mas há estimativas que vão de 500 mil a 1 milhão. Todos na Praça Cívica e imediações. O POPULAR estava lá, registrando este momento. A emenda Dante de Oliveira, que reestabelecia o voto direto para presidente, não passou no Congresso naquele ano, mas em 1989 o brasileiro voltou a escolher seu mandatário nas urnas. 

29/2/1986O governo José Sarney vai ser para sempre lembrado como um dos piores em termos econômicos que o Brasil já teve. Responsável pela chamada Década Perdida, sua política econômica foi uma sucessão de desastres. O primeiro é o que está registrado nesta capa, quando o presidente anunciou o Plano Cruzado. Congelamento de preços, apreensão de boi no pasto, fiscais da Sunab, controle da inflação na marra. Funcionou menos de um ano até tudo ruir, após eleições ganhas pelo partido do presidente (PMDB) em todo o Brasil. Depois vieram o Cruzado 2, o Plano Bresser, o Plano Verão. E o brasileiro precisou se acostumar a conviver, por anos a fio, com a hiperinflação.

13/1/2021 - Quando Goiás rompeu a marca dos 7 mil óbitos causados pela doença, com exatas 7.007 vidas perdidas, segundo os números oficiais, O POPULAR fez nova homenagem às vítimas, calculando que seriam necessários quase cinco dias para dedicar um minuto de silêncio a cada um dos mortos.  Por trás dos números, a capa exibe fotografias de parte da extensa relação de vítimas da pandemia: mulheres, homens, jovens e idosos combalidos pelo vírus. É como se uma pessoa morresse por hora no Estado, em razão de complicações da Covid. Numa triste coincidência, a reportagem foi publicada no mesmo dia (13/1/2021) em que o prefeito eleito de Goiânia, Maguito Vilela, faleceu depois de contrair a doença e ficar 84 dias no hospital lutando pela vida.

30/11/2020 - Capa do POPULAR de 30 de novembro de 2020 mostrou a vitória de Maguito Vilela nas urnas, enquanto ele brigava pela vida em um leito de UTI. A apuração dos votos indicou a vantagem do candidato do MDB com 52,6%, superando o adversário, Vanderlan Cardoso (PSD), que obteve  47,4%. Foi uma eleição totalmente inusitada, com o vencedor entubado durante um terço da campanha. Por meio da imagem e da manchete em destaque, o jornal quis transmitir solidariedade a quem travava uma batalha ferrenha pela sobrevivência. Maguito, no entanto, não venceu a disputa mais importante. Ele chegou a ficar consciente, soube do resultado nas urnas, viu a capa do jornal, mas depois seu estado de saúde se agravou e ele morreu em 13 de janeiro de 2021.

10/9/2017 - Em setembro de 2017, Goiânia relembrou um dos mais profundos traumas de sua história: o maior acidente radiológico do mundo, ocorrido a partir do rompimento de uma cápsula com material radioativo de césio 137. O POPULAR produziu ampla reportagem especial multimídia, com vídeos, imagens de drone, infográficos animados na edição digital e caderno impresso, que circulou na edição de 10 de setembro. Na capa, a imagem daqueles dias de pesadelo flagra o momento em que um técnico da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) mede a atividade na cápsula com 19 gramas de césio, que se transformaram em 6 mil toneladas de rejeito as quais emitirão radioatividade por 300 anos.  Como resultado da tragédia, quatro pessoas morreram e dezenas sofreram sequelas.

8/5/2020 - O descontrole nas aglomerações fez o Estado figurar entre os que registravam maior movimentação nas ruas em maio de 2020. O índice preocupante, registrado pouco antes de começar o período mais crítico da primeira onda da pandemia do novo coronavírus, inspirou o cartunista Jorge Braga na ilustração da capa. Jorge fez uma releitura da famosa obra renascentista “A Criação de Adão”, de Michelangelo Buonarotti, que faz parte de um conjunto de pinturas do teto da Capela Sistina, na Cidade-Estado do Vaticano. Na obra original, Adão e o Criador estão prestes a se tocarem, encostando os dedos. Ela retrata a passagem de Gênesis, em que Deus cria o primeiro homem. Na releitura do cartunista, ambos estão protegidos do coronavírus, com máscaras e tocando apenas os cotovelos.

8/10/2017 -  A Grande Goiânia viveu em 2017 uma de suas mais dramáticas crises hídricas, provocada principalmente pela degradação do Rio Meia Ponte. Em busca de respostas para esse processo de deterioração, equipes do POPULAR foram a campo e esquadrinharam mais de 130 quilômetros do manancial, por barco ou carro. O jornal encomendou a análise da qualidade da água, registrou a poluição em vários trechos, entrevistou moradores ribeirinhos, analisou mapas e conversou com pesquisadores. O resultado da investigação foi publicado nas plataformas impressa e digital. A reportagem especial revelou o grande número de represamentos do rio, muitos ilegais, o avanço do desmatamento e o despejo clandestino de esgoto em suas águas.

1/10/1987 - Apenas 20 gramas de um material altamente radioativo foram suficientes para marcar a história de Goiânia e destruir vidas. A cápsula abandonada com césio 137 foi aberta num ferro-velho e, com a contaminação que gerou, atingiu centenas de pessoas. O maior acidente radiológico do mundo fez a cidade e seus moradores sofrerem preconceitos, derrubou a economia local e matou, naqueles dias terríveis, quatro pessoas, entre elas a menina Leide das Neves, símbolo da tragédia. Outros morreriam depois. Após a limpeza das áreas afetadas, um depósito de lixo radioativo foi construído em Abadia de Goiás. Uma cicatriz para não deixar ninguém esquecer o que aconteceu.

18/8/2019 - “Sobrevivi me recompondo aos bocados”. O trecho de um dos poemas de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas apresenta o caderno especial sobre os 130 anos de Cora Coralina e o vigor inabalável da obra da ilustre filha da cidade de Goiás. A capa daquele dia, 18 de agosto de 2019, foi ilustrada com uma instalação de arte, feita com objetos similares aos usados no cotidiano de Cora, que compunham o universo da poetisa. Folhas, raízes, rendas, tecidos, tachos, colheres, livros e outros utensílios foram os elementos utilizados na instalação, de autoria do editor André Rodrigues, com arte de Luiz Antena, fotos e vídeo de Weimer Carvalho. A reportagem e os textos do especial são de autoria do jornalista Rogério Borges.

3/4/2018 - Com um caderno especial de 80 páginas, O POPULAR comemorou seu aniversário de 80 anos, homenageando 80 personagens goianos que marcaram a trajetória do Estado ou ajudaram a construí-lo. As reportagens contaram quem foram personalidades do mundo artístico, político, religioso, econômico, empresarial, pessoas que empregaram sua energia, talento e conhecimento para o desenvolvimento de Goiás. Ao longo de sua trajetória, O POPULAR acompanhou os passos de cada uma delas, jogando luz sobre a relevância de seu trabalho, de sua vida e de sua obra. Dessa forma, o jornal cumpriu a missão expressa em seu primeiro editorial: “Pelas folhas volantes deste jornal procuraremos defender a causa das coletividades do Estado, focalizando seus problemas mais vitais e sugerindo para os mesmos medidas solucionadoras”.

5/9/2002 - A madrugada foi sacudida por um pesadelo naquele 5 de setembro de 2002. Há 18 anos, Pirenópolis vivia uma de suas mais trágicas experiências. A Igreja Nossa Senhora do Rosário, a Igreja Matriz de Pirenópolis, patrimônio histórico e afetivo dos moradores foi destruída pelas chamas. Construída entre os anos de 1732 e 1736, as perdas provocadas pelas vorazes labaredas foram irreparáveis. Quase dez horas de incêndio devastaram os três andares de madeira trabalhada, o teto e o forro, 16 imagens sacras, além de objetos e paramentos do rito religioso.  A causa até hoje é incerta, mas o Iphan já havia denunciado ligações elétricas clandestinas e há a suspeita de que alguma vela possa ter sido deixada nos altares, durante vigília que ocorreu no local na noite do incêndio. Durante três anos e meio a Igreja Matriz ficou fechada aos fiéis até que foi devolvida à população, totalmente restaurada.

29/3/1996 - Leonardo Pareja já havia aprontado das suas, como sequestro e fugas espetaculares, mas nada se comparou à rebelião que ajudou a conduzir no Cepaigo. Durante uma vistoria, presos tomaram como reféns o presidente do Tribunal de Justiça, o secretário de Segurança Pública, o diretor do presídio e outras autoridades, como juízes e promotores, além de jornalistas. Durante uma semana, o local foi cercado e ocorreu uma longa negociação transmitida pela TV, que terminou com a fuga dos líderes do motim. Quase todos foram recapturados e Pareja se entregou. O bandido pop star morreu no final daquele mesmo ano, assassinado por um companheiro de cela.

31/8/2016 - No dia 31 de agosto de 2016, o jornal mostrava o então presidente em exercício, Michel Temer, se preparando para assumir efetivamente, em substituição a Dilma Roussef, que caminhava para o impeachment. O número de senadores que declararam apoiar o afastamento definitivo da presidente petista chegara então na marca necessária para a medida. Ao fim de sete dias de julgamento, Dilma seria afastada e Temer assumiria, em uma cerimônia de posse com ministros e aliados, convocados para dar peso político à ocasião. Em sua lista de prioridades, como primeiras ações, estavam a reafirmação de metas de retomada do crescimento, as reformas e privatizações, além de um diagnóstico crítico do legado do PT. 

12/7/2012 - A reportagem assinada por Caio Henrique Salgado, enviado a Brasília, contou que ele foi o primeiro a chegar no plenário e ali ficou, cabisbaixo, como se soubesse que em três horas se tornaria o segundo senador cassado na história do Brasil. Por 56 votos a 19, o goiano Demóstenes Torres deixou a cadeira, depois de conquistar destaque na vida política com seu discurso de moralidade. Demóstenes foi acusado de ter utilizado o mandato para favorecer o empresário Carlinhos Cachoeira. Em seu lugar, assumiu o suplente, o empresário Wilder Moraes, então novato na política. Após afastado, o ex-senador voltou ao Ministério Público, se aposentou e hoje atua como advogado. Uma de suas recentes causas foi em defesa do médium João de Deus, beneficiado com o trancamento da ação de falsidade ideológica.