Centro Cultural Jesco Puttkamer

Uma ode ao mestre

Clenon Ferreira
clenon.ferreira@opopular.com.br 

Você sabe quem foi Jesco von Puttkamer? Conhece o legado do carioca para os estudos antropológicos brasileiros? Sabia que o pesquisador veio parar em Goiás e, de quebra, ainda fixou morada em Goiânia? No Centro Cultural Jesco Puttkamer, ligado à Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) e localizado no Setor Bueno, uma ode ao mestre da antropologia visual é ilustrada em formato de museu.

Jesco von Puttkamer dedicou grande parte da sua vida à produção de um dos maiores acervos audiovisuais existentes sobre os povos indígenas. Durante muitos anos, esteve no Brasil Central registrando aspectos sociais, culturais e artísticos de povos indígenas, como os carajás. O seu enorme acervo de 130 mil fotografias, sobre 60 comunidades indígenas diferentes, foram parar no Centro Cultural, fundado em 2002 pelo Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA), da PUC.

A exposição de longa duração contempla as pesquisas de Jesco e apresenta a ocupação pré-colonial e colonial brasileira, mediante vestígios arqueológicos recuperados nas pesquisas do IGPA. É possível ver, por exemplo, as bonecas carajás encontradas na Ilha do Bananal (TO), pontas de flechas pré-históricas, bancos de madeira em formato de aves, indumentárias e vestimentas usadas em manifestações religiosas.

“Existe uma preocupação de criar exposições interativas e didáticas para que as crianças, por meio de visitas guiadas com as escolas, entendam a riqueza e a importância de se preservar e conhecer a nossa ancestralidade”, explica a diretora do IGPA, Eliane Lopes. De acordo com a pesquisadora, o museu serve de espaço que rememora os importantes registros antropológicos de Jesco para o País. “É um espaço que homenageia esse grande pesquisador.”

O Centro Cultural reúne ainda cerca de 80 horas de sons gravados, oito filmes montados e mais de 180 diários de campo. Em algumas seções do museu, é possível assistir a algumas gravações, conhecer as línguas indígenas e seus troncos e famílias linguísticas, ter contato com fotografias de retratos e relatos de mitologias referentes à infância. Na exposição atual, Diferentes e Iguais, o público entra em contato com a diversidade cultural de diferentes povos e suas relações com a natureza.

Programação
“Calcula-se que em 1500 havia entre 8 a 10 milhões de indígenas, agrupados em mais de mil povos distintos, falando cerca de mil línguas diferentes. Atualmente, são 817 mil, agrupados em 305 etnias e falando 274 idiomas”, explica Eliane. Com 17 anos, o espaço agora prepara uma casa nova. Tudo porque todo o acervo e a estrutura de pesquisa do centro serão transferidos para as instalações do Memorial do Cerrado. “Ainda não há previsão, mas já está acertado”, adianta. 

Até a transferência, o ponto cultural continuará com sua programação mensal, que inclui, por exemplo, oficinas pedagógicas de arqueologia e grafismos corporais, visitas guiadas e discussão sobre preservação das áreas indígenas. O desejo, de acordo com Eliane Lopes, é que os goianos descubram mais sobre sua ancestralidade. “Ao apresentar a cultura das populações indígenas, queremos mostrar que, apesar de diferentes, todos somos iguais.”

Quem foi Jesco von Puttkamer?
Nascido em 1919 em Niterói (RJ), filho de pai alemão e mãe brasileira, Wolfgang Jesco von Puttkamer dedicou grande parte de sua vida ao trabalho de registro documental de 62 sociedades indígenas brasileiras, durante 40 anos. Sua obra é reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por meio da Unesco. Jesco faleceu em 1994, em Goiânia.

Ficha técnica
Centro Cultural Jesco Puttkamer
Idade: 17 anos
Criação: 2002
Endereço: Av T-3, nª 1.732, Setor Bueno
Administração: Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia da PUC Goiás
Visitação: De segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas
Média de visitação por mês: Mil pessoas
Entrada franca
Informações e agendamento: 3251-0721

Localização

Expediente

Edição Multiplataforma
Rodrigo Alves
Coordenação Digital
Michel Victor Queiroz
Reportagem
Clenon Ferreira e Carmem Curti
Edição de fotografia
Weimer Carvalho

Arte
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Design
Marco Aurélio Soares
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