O Museu é Seu

Série especial do POPULAR faz passeio guiado e interativo pelos museus espalhados por Goiânia

Viagem pela história
Texto: Clenon Ferreira
Qual foi a última vez que você pisou em um museu? Quantos você, de fato, conhece? Qual é seu preferido? Já retornou ao local após a primeira visita? Espalhados por diversas regiões de Goiânia, museus guardam a memória afetiva do passado e são espaços de compreensão para o futuro. Mais do que isso, servem de centros para pesquisas científicas, preservam o patrimônio e são pontos de cultura e lazer. O museu é, com certeza, de todo mundo.

Desde o Dia Internacional dos Museus (18 de maio), O POPULAR traz diariamente uma série de reportagens e lança o projeto O Museu é Seu!, que visa apresentar e incentivar visitas aos diferentes espaços museológicos da cidade. Ao longo das últimas semanas, o jornal registrou o que acontece nesses locais e as cabeças por trás deles. E tem de tudo: desde lugares que revelam um passado longínquo e distante das terras goianas, passando por galerias que dinamizam a circulação das artes visuais, até casas que mostram como viviam as pessoas há mais de 70, 80 anos.

“Goiânia ainda não é uma guardiã das tradições históricas desse povo, mas é a vanguardeira marcha para o oeste”, disse Pedro Ludovico Teixeira na época da construção da então nova capital de Goiás. De fato, os mais tradicionais museus do Estado estão na antiga Vila Boa, como o Palácio Conde dos Arcos e o Museu das Bandeiras, ambos do século 18. Mas os espaços de Goiânia resumem transformações políticas e sociais de seus habitantes. Também ajudam a compreender os patrimônios imateriais e a identidade do povo.

Variedade
“Os goianos desconhecem o circuito museológico da cidade e não há um reconhecimento dos espaços. Por outro lado, a cidade é abastecida de museus com distintas temáticas e eixos de atuação”, explica Pablo Lisboa, professor do curso de Museologia da Universidade Federal de Goiás (UFG). Para o profissional, é preciso que se desenvolva um trabalho de comunicação e gestão compartilhada, em formato de rede, além de um incentivo público. “Trata-se de uma junção entre inteligência e criatividade, mas também de recursos humanos, materiais e tecnológicos”, enfatiza.

O incêndio de 2018 do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que destruiu o acervo com mais de 20 milhões de itens, acabou levantando a discussão sobre a situação de conservação, segurança e ocupação do patrimônio museológico brasileiro. Só Goiás mantém uma lista de 80 museus espalhados por Goiânia e cidades do interior, de acordo com o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Com tamanho número, o desafio desses espaços, públicos ou não, é atrair pessoas cada vez mais adeptas dos meios digitais e ocupar esses pontos culturais. 

Aproximar um público menos escolar e mais espontâneo é o que vários museus de Goiânia miram. Uma vez ao mês, por exemplo, o Museu Pedro Ludovico Teixeira abre as portas para o projeto Café com Pedro. A intenção é promover discussões sobre urbanismo e patrimônio no jardim da antiga casa do ex-governador. Já no Museu Antropológico da UFG, charmosas sessões semanais de cinema convidam o público a embarcar em filmes populares e cults e depois promover debates abertos.

“É um trabalho de conscientização e educação. A ocupação precisa vir de fora para dentro”, destaca o diretor do Museu de Arte de Goiânia (MAG), Antônio da Mata. É em busca de uma ocupação que a Secretaria Estadual de Cultura (Secult Goiás), por exemplo, começa a pensar o projeto Trilhando o Patrimônio, com um circuito guiado dos museus que circundam a Praça Cívica, no Centro Histórico da capital. “Precisamos criar redes de contato e fazer com que haja identificação com a memória de Goiânia”, defende a chefe de Núcleo de Museus de Goiás, a historiadora Cássia Queiroz. 

Convite
Ao lado de museus antigos, como o Zoroastro Artiaga, existem novos projetos museológicos que caminham para o futuro, como o Museu Frei Confaloni, que há uma semana abriu as portas na Antiga Estação Ferroviária de Goiânia. Recheado de lugares interessantes e na contracorrente ao corte de verbas nas áreas de Educação e Cultura, o projeto O Museu é Seu! convida o público a embarcar em espaços por vezes pouco desbravados, que revelam parte da história. “Os museus são mediadores entre o mundo das coisas, da cultura material, e as pessoas”, destaca a antropóloga Nei Clara de Lima. Um ótimo passeio a todos!


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