Museu de Arte Contemporânea

Vazio que faz barulho 

De Pablo Picasso a Siron Franco, Museu de Arte Contemporânea instiga público a imergir em um campo específico da cultura visual.
Clenon Ferreira
clenon.ferreira@opopular.com.br 

O Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC) já é, por si só, uma obra de arte. De longe, parece um óvni que pousou na Esplanada JK, no Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON). Basta chegar perto para perceber que o edifício foi criado para ampliar a espacialidade modernista dos outros prédios que o circundam, como o Palácio da Música e o Memorial dos Direitos Humanos. Principal janela de exposições artísticas do Estado, o MAC instiga o público a imergir no campo da cultura visual. Moderno, ele é o protagonista hoje da série O Museu é Seu!.

De Pablo Picasso a Frei Confaloni, passando por Paulo Leminski e Siron Franco, o MAC é um respeitável tablado para a arte contemporânea. Como uma espécie de “museu do amanhã”, as noções museológicas do futuro pautam o espaço. Dividido entre o salão principal de exposições e duas galerias subterrâneas – Cléber Gouvêa e D.J. Oliveira –, se você passar por lá hoje vai encontrar um completo vazio.

Tudo porque a exposição anterior, Diáspora, Convergências e Conexões, do artista Tai Hsuan-an, encerrou a programação em março com público de mais de 4 mil visitantes. “Estamos aguardando subsídio para montar nova exposição. Provavelmente com obras da reserva técnica do museu”, explica o coordenador do local, Leonan Fleury. Enquanto o museu espera por ocupação permanente, o acervo, constituído por mais de 1,3 mil obras, revela a trajetória plural das artes de Goiás.

Coleções importantes como a de Frei Confaloni, Edwaldo Pacote, Samuel Costa, Lourival Louza, Ana Maria Pacheco e Eco Art Bozano fazem parte do acervo do MAC. Há ainda obras avulsas de artistas como Yuri Firmeza, Rubem Valentim e Caio Reisewitz. “O MAC tem um caráter específico de trazer exposições e recortes da arte contemporânea, com diversas linguagens visuais”, explica o coordenador.

Desde 2006, o MAC vive sob idas e vindas de programações no CCON, quando foi transferido do Edifício Parthenon Center, no Centro, para o complexo cultural. O espaço tenta agora desenvolver mecanismos de ocupação permanente, o que não é tarefa fácil. Se funcionasse conforme o projeto original, como um centro artístico com biblioteca, museu, restaurante e teatro, talvez o espaço conseguisse atrair mais pessoas. O CCON nunca funcionou integralmente.

“O Centro foi entregue às pressas. Há vários problemas estruturais e um deles é o da localização. Ele está fora do circuito de Goiânia e não há acesso específico para chegar ao espaço. Não existe linha ou ponto de ônibus, por exemplo”, argumenta Leonan. Quando o museu ficava no Centro, desde 1988, quando sediou a Bienal de Artes de Goiás, segundo o diretor, conta que as visitas eram mais intensas e que havia efetiva participação do público.

No final de 2018, o CCON passou por uma reforma completa em sua estrutura, incluindo o MAC. O desafio agora é fazer com que mais pessoas o visitem. “Vamos ocupar as galerias com projetos de novos artistas e criar contato mais íntimo entre museu e público”, promete o diretor do espaço. Imerso entre a paisagem modernista de Oscar Niemeyer, o MAC atualmente é um corpo vazio, mas que faz barulho.

Ficha técnica
Museu de Arte Contemporânea (MAC)
Idade: 31
Criação: 1988
Endereço: GO-020, km 0, saída para Bela Vista
Administração: Secult Goiás
Visitação: De terça-feira a domingo, das 9 às 18 horas
Média de visitação por mês: mil pessoas
Entrada franca
Informações e agendamento: 3201-4923

Localização

Expediente

Edição Multiplataforma
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Coordenação Digital
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Reportagem
Clenon Ferreira e Carmem Curti
Edição de fotografia
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Arte
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Design
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