Memorial do Cerrado

Memorial do Cerrado 

Museu de história natural, trilhas ecológicas, réplicas de vilas coloniais, quilombos e tribos indígenas. Imersão é palavra de ordem no Memorial do Cerrado
Clenon Ferreira
clenon.ferreira@opopular.com.br 

Da formação geológica do Planeta Terra até chegar às réplicas perfeitas de uma vila colonial, uma tribo indígena e um quilombo, o Memorial do Cerrado faz uma volta histórica que parte do macro para focar no micro. O protagonista é um só: o bioma do Cerrado. O complexo pode não ser um museu propriamente dito, mas é ponto obrigatório para se visitar e conhecer em Goiânia. O local é o protagonista de hoje da série O Museu é Seu!.

Como uma espécie de “Inhotim goiano” (o museu a céu aberto Instituto Inhotim, localizado na cidade mineira Brumadinho), o espaço convida o público a ter uma relação mais próxima e tátil com o acervo museológico. É isso que faz a magia do Memorial do Cerrado: conhecer casinhas coloniais e ver como as famílias viviam há décadas, além de escolas, vendas, igrejas – nem os bordéis foram esquecidos; poder tocar em objetos de época e ver como funcionavam os carros de boi; imergir em uma tribo e estar dentro de uma oca. 

Todo o espaço expositivo do Memorial do Cerrado foi pensado para traçar uma extensa e didática experiência museológica. O local, sob administração da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás, por meio do Instituto do Trópico Subúmido, reúne espaços que representam as diversas formas de ocupação do Cerrado e os modelos de relacionamento com a natureza e a sociedade. “A ideia é apresentar como o Cerrado está ligado a nossa forma de se relacionar, desde hábitos e costumes até questões de economia e meio ambiente”, explica o guia do local, Paulo Sérgio Rodrigo Alves. 

A primeira parte expositiva apresenta o Museu de História Natural, com painéis, acervos e cenários que narram a história evolutiva da Terra e do ambiente do Cerrado. O visitante tem contato, por exemplo, com fósseis com datação de até 600 milhões de anos. Há animais empalhados ao lado de pedras preciosas do Brasil Central, explicações didáticas sobre teorias evolucionistas e as divisões geográficas do bioma do Cerrado.

Já na parte externa do Memorial, o público entra em contato com a Vila Cenográfica de Santa Luzia, que reconstitui em tamanho original os primeiros vilarejos de origem colonial portuguesa na região central do Brasil. Divida entre zonas urbanas e rurais, há réplicas de fazendas e oficinas rurais, antigas moendas, alambiques de barro, oficina de rapadura e açúcar, ferreiro, serraria. A impressão é de que um pedaço da cidade de Goiás foi parar no meio de Goiânia. 

O fim do trajeto guarda réplicas de tamanhos originais de aldeia indígena e de um quilombo e, para adentrar aos locais, é preciso passar por uma trilha ecológica recheada de pássaros e árvores do Cerrado. “É um passeio que possibilita um aprendizado diferente sobre a cultura goiana e a paisagem do Brasil Central. O espaço sempre está em busca de novas pesquisas e aprendizados para uma atualização constante em seu acervo”, ressalta o guia. 

Pesquisa
Muito além de espaço expositivo, o Memorial do Cerrado é um centro de pesquisa para diversos profissionais atuantes em áreas distintas da PUC Goiás. Também faz um intercâmbio com outros pesquisadores Brasil afora. Há laboratórios de arqueologia, geociência, taxidermia e tecnologia de alimentos, por exemplo. “O local dinamiza suas instalações como um importante centro de pesquisa em Goiânia”, explica Paulo Sérgio.

Vá até o Memorial e descubra...

Velho homem
Na parte expositiva do Memorial do Cerrado, o público entra em contato com o esqueleto do Homem da Serra do Cafezal, o mais antigo da América do Sul. Há ainda fósseis datados de até 600 milhões de anos.

Trilha da Semente Peregrina
Com 2 km de extensão, uma trilha foi aberta no interior da reserva intacta de floresta tropical e de Cerrado que existe na Estação Ciência São José. Trata-se de um local ideal para o contato com a natureza e o desenvolvimento do espírito esportivo e de aventura.

Espaço de educação
O espaço de educação ambiental Dalila Coelho Barbosa é, na verdade, um auditório aberto, onde é possível realizar oficinas educativas, piqueniques e outras atividades. Trata-se de um local de convivência e aprendizado.

Dentro de uma oca
Adentrar ao universo indígena e ver como eles se socializavam é uma das propostas da réplica da aldeia. Lá é possível ter contato com o tamanho real de uma oca modelo timbira, típica da Região Centro-Oeste.

Acervo José Hidasi
Até então localizado no bairro de Campinas, o Museu de Ornitologia de Goiânia encerrou suas atividades em 2018. Grande parte do acervo mantido durante muitos anos na casa de seu fundador, o húngaro José Hidasi, foi doado para o Memorial do Cerrado. Em uma seção especial dedicada ao taxidermista, o museu apresenta a história de Hidasi, hoje com 92 anos de idade, que reuniu uma coleção de mais de 120 mil peças, desde espécimes do Cerrado até mamíferos, aves e insetos.

Ficha técnica
Memorial do Cerrado
Idade: 19 anos
Criação: Setembro de 1999
Endereço: Câmpus 2 Puc Goiás – Avenida Engler, s/nº, Jardim Mariliza
Administração: PUC Goiás 
Visitação: De terça-feira a sábado, das 8 às 17 horas
Média de visitação por mês: 8 mil pessoas
Entrada: R$ 12 (inteira)
Informações e agendamento: 3946-1723

Localização

Expediente

Edição Multiplataforma
Rodrigo Alves
Coordenação Digital
Michel Victor Queiroz
Reportagem
Clenon Ferreira e Carmem Curti
Edição de fotografia
Weimer Carvalho

Arte
André Luiz Rodrigues
Design
Marco Aurélio Soares
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