Museu Antropológico da UFG

Fabuloso cinquentinha

Há cinco décadas nascia o Museu Antropológico da UFG, que investiga, pesquisa e expõe aspectos culturais, etnográficos e religiosos do povo goiano
Clenon Ferreira
clenon.ferreira@opopular.com.br 

Suspensa em cabos de aço, a canoa carajá parece flutuar enquanto um rio feito de iluminação artificial incendeia toda a galeria do Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (UFG). Interativo e de olho no futuro, o espaço localizado no Setor Universitário é o protagonista de hoje da série O Museu é Seu!. Centro de pesquisa, o órgão reúne um interessante e complexo acervo tanto arqueológico, com foco principalmente nas populações indígenas, quanto nos aspectos culturais que formam o povo goiano. 

O infinito relicário é ponto obrigatório para quem deseja conhecer a fundo as pesquisas antropológicas e o intercâmbio acadêmico entre diferentes pesquisadores brasileiros. Prestes a completar 50 anos, o que se dará em junho, o Museu Antropológico possui um acervo etnográfico abastecido entre os grandes conjuntos do País. Tem de tudo ali, desde exposições de fotografia e exibição audiovisual, até itens da história de Goiás, como cerâmica, adornos, utensílios, vestimentas e instalações interativas.

Se você passar pelo museu hoje, vai encontrar a exposição permanente Lavras e Louvores, que há mais de dez anos ocupa as salas expositivas do espaço. “Foi criada toda uma narrativa antropológica para falar sobre a construção simbólica das identidades regionais: o conjunto de imagens, sentimentos, símbolos e objetos significativos da construção dessa identidade”, explica o diretor do espaço, o antropólogo Manuel Ferreira Lima Filho. 

Sob curadoria das antropólogas Nei Clara de Lima e Selma Sena, a mostra é dividida em duas seções: a primeira é Lavras, que dá luz ao aspecto do trabalho, força e ferramenta que se consolidam no imaginário dos povos do Brasil Central. Espécimes da flora da região, objetos cerâmicos, trançados indígenas, pontas de flecha, moedas, anéis. Tudo serve de pressuposto para a dimensão geográfica e natural das culturas goianas. Há ainda o Homem do Rio das Almas, fóssil humano datado de aproximadamente 7.500 anos.

Na segunda parte da exposição, Louvores ganha o protagonismo expositivo ao apresentar a religiosidade e aspectos ritualísticos inseridos na cultura de Goiás. Painéis fotográficos mostram a natureza religiosa de festas como a Folia do Divino, o tambor da congada, a matraca, os chocalhos e apitos. Indumentárias completas e objetos de culto representam diferentes divindades, devoções e concepções mágico-religiosas das populações da região. Há também um conjunto de foliões do Divino e os dois cavaleiros – mouro e cristão – das Cavalhadas. 

Identidade
A última sala expositiva impressiona. Toda revestida por espelhos e com fotografias de pessoas da região goiana, índios, negros, mestiços, brancos, habitantes de Goiânia e de zonas rurais convidam o visitante ao exercício de pensar as construções identitárias. “É uma exposição que nos leva a pensar o nosso lugar enquanto indivíduos de uma sociedade que está em constante transformação”, explica o diretor. 

Ficha técnica
Museu Antropológico UFG
Idade: 50 anos
Criação: 1969
Endereço: Av. Universitária, nº 1.166, Setor Universitário
Administração: UFG
Visitação: De terça-feira a sexta-feira, das 8 às 18 horas
Média de visitação por mês: 3 mil pessoas
Entrada franca
Informações e agendamento: 3209-6010

Cultura se faz com educação
Muito além de espaço expositivo, o Museu Antropológico da UFG é um importante centro de pesquisa para diversas áreas de atuação acadêmica, como geografia, história, antropologia, sociologia, museologia e artes visuais. Atualmente, o órgão está vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação e serve de espaço pedagógico para excursões de escolas e universidades, por exemplo. “Tentamos trazer um público espontâneo para ocupar ainda mais o museu, com exibição de filmes e eventos de música, como o rap”, explica o diretor Manuel Ferreira Lima Filho. 


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Extenso acervo
Atualmente, o museu em arquitetura art déco possui cerca de 6 mil objetos etnográficos, mais de 150 mil peças arqueológicas, fotográficas, vídeos e outros documentos. 

Tropas e boiadas
O livro Tropas e Boiadas, de Hugo de Carvalho Ramos, e a projeção de trechos de contos de escritores regionalistas destacam algumas das narrativas ficcionais que têm construído culturalmente o Centro-Oeste. 

Cerâmicas carajás
As cerâmicas carajás registram cenas do cotidiano imaginadas e realizadas por esse grupo indígena. Na vitrine, diversas formas de trabalho e da vida cotidiana da aldeia, como cena de parto, cena de enterro e outras, são mostradas.

Espiritualidade
Na parte religiosa, há indumentárias de diversos povos, como a máscara ritual dos índios iawalapiti do Xingu; a roupa do congo de um dos ternos das Congadas de Catalão; a vestimenta de Oxum, orixá do candomblé; a bandeira vermelha do Divino das Folias do Divino Espírito Santo.

Sincretismo
Atrás de uma cortina colorida, encontra-se a instalação Passagem, montada para apresentar o sincretismo que preside a vida religiosa do brasileiro. Um altar reúne imagens cultuadas em vários ritos e crenças religiosas e objetos de cultos.

Localização

Expediente

Edição Multiplataforma
Rodrigo Alves
Coordenação Digital
Michel Victor Queiroz
Reportagem
Clenon Ferreira e Carmem Curti
Edição de fotografia
Weimer Carvalho

Arte
André Luiz Rodrigues
Design
Marco Aurélio Soares
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