Pedro Ludovico

Baile perfumado

Queridinho em Goiânia, Museu Pedro Ludovico faz viagem ao passado dos tempos das festas no jardim de dona Gercina Borges Teixeira
Clenon Ferreira
clenon.ferreira@opopular.com.br 

A prataria está polida, os móveis foram arrastados para os cantos, o disco roda na vitrola e os convidados pouco a pouco se espalham pelo jardim. É festa no museu. Na continuação da série O Museu é Seu!, O POPULAR lhe convida hoje a colocar a roupa mais engomada do guarda-roupa para um baile perfumado no Museu Casa Pedro Ludovico, no Centro de Goiânia.

O espaço pode não ser o mais visitado entre os museus da capital goiana, mas é, com certeza, um dos queridinhos. Todos os objetos, móveis, artigos e a própria arquitetura da casa remetem aos tempos antigos, de quando ainda Pedro Ludovico Teixeira e sua esposa, Gercina Borges, habitavam a casa. “É como se o casal tivesse saído de férias e deixado a casa aberta”, explica a chefe de Núcleo de Museus de Goiás, historiadora Cássia Queiroz. 

Em formato de museu-casa, o local leva o público a navegar nas águas do passado e acompanhar como viviam as famílias entre as décadas de 1930 e 1960. Também apresenta a relação de Pedro Ludovico com a construção de Goiânia. Em estilo palaciano art déco com detalhes náuticos - como as janelinhas arredondadas -, a casa foi construída em 1934 e, anos mais tarde, em 1987, abriu as portas para visitas. 

A geladeira marrom dos anos 50, a biblioteca pessoal e os instrumentos cirúrgicos de quando Pedro Ludovico ainda era médico, os vestidos estampados de dona Gercina. Móveis, porcelanas, livros de receita, documentos importantes. Tudo serve de acervo afetivo no museu, como forma de apresentar o homem político, mas também o pai, o marido e o goiano que Pedro Ludovico foi. “O local é um mimo do Estado e tem uma proposta diferentes de outros museus”, aponta Cássia. 

Em 2018, o museu passou por uma reforma e todo o telhado foi restaurado. Também recebeu cores originais de quando foi erguido. Para adentrar a suas memórias, o público precisa bater a campainha, como em uma casa qualquer. “Preferimos deixar o portão fechado por causa da segurança. É uma medida preventiva e, assim como qualquer casa, as pessoas precisam bater palma, campainha. Faz parte da experiência”, explica Cássia. 

Uma vez ao mês, o Museu Pedro Ludovico abre os portões para o projeto Café com Pedro, convidando o público para palestras, concertos e encontros abertos. Temas como arquitetura e urbanismo são abordados em conversas informais. “A proposta é ampliar o projeto para um Cozinhando com Dona Gercina, trazendo chefs para fazerem as receitas da primeira-dama na cozinha do museu”, afirma Cássia.


Cora, JK, Pedro Ludovico
Poucos espaços museológicos de Goiás possuem o formato de museu-casa além do Museu Pedro Ludovico. Na cidade de Goiás, a Casa de Cora Coralina faz uma imersão tecnológica e visual pela vida da poetisa e doceira goiana. Já em Luziânia, a Fazendinha JK guarda a memória dos tempos em que Juscelino Kubistchek dava festas em sua sala de discoteca e passeava pelos jardins projetado por Burle Max.


Ficha Técnica
Museu Pedro Ludovico Teixeira
Idade: 32 anos
Fundação: 1987 (ano de abertura à visitação)
Endereço: Rua Dona Gercina Borges, nº 47, Centro
Administração: Secretaria Estadual de Cultura
Visitação: De terça-feira a domingo, das 9 às 17 horas
Média de visitação por mês: 1,5 mil pessoas
Entrada franca
Informações e agendamento: 3201-4678

Vá até a casa de Pedro e veja..
Biblioteca pessoal
Dois mil livros e 800 documentos originais datados dos anos 20 até a década de 1970 compõem a biblioteca particular de Pedro Ludovico. Já o acervo iconográfico contém 1.140 mil fotos. 

Camionete vermelha
A camionete C-10, último veículo de Pedro, ainda está estacionada na garagem da casa. Único meio de transporte do político, era corriqueira a cena em que o ex-governador pegava a esposa, dona Gercina, e sua cadela Diana, e iam passear no trampolim do Lago das Rosas. 

Máscara mortuária
Réplica idêntica do rosto de Pedro Ludovico, a máscara mortuária do político está exposta no museu, no anexo ao cômodo que servia como seu quarto e acesso à sacada.

Máquina de escrever
Que computador, que nada! A máquina de escrever de Pedro também está intacta. Ela serviu de instrumento para redigir documentos políticos e seus livros médicos.
Vestidos, ternos e gravatas
Passeio pela moda dos anos 1940 e 50, os vestidos de dona Gercina e as gravatas de Pedro Ludovico estão expostas no museu. Há ainda blazers, calças, meias, camisas e chapéus do ex-governador.

Localização

Expediente

Edição Multiplataforma
Rodrigo Alves

Reportagem
Clenon Ferreira e Carmem Curti

Edição de fotografia
Weimer Carvalho

Arte
André Luiz Rodrigues

Design
Marco Aurélio Soares
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