Mãos na massa desde janeiro

Mãos na massa desde janeiro

Somadas todas as equipes que dão suporte à Festa do Divino Pai Eterno, em Trindade, o número passa de duas mil pessoas. Um verdadeiro exército começa a se mover muito antes de as primeiras bênçãos da romaria serem concedidas, antecipando-se ao primeiro ranger de carro de boi nas ruas da capital da fé. “Temos o pessoal da liturgia, da secretaria, da ornamentação das igrejas, das confissões, da cozinha, da limpeza, da segurança, os ministros da eucaristia”, lista padre Welinton Pereira da Silva, envolvido em parte dessa operação.

A maior parte dos grupos é composta por voluntários, que se acostumaram a dedicar um pouco de seu tempo durante a romaria para prestar algum tipo de ajuda na organização. Essas pessoas passam por cursos preparatórios ministrados pela Igreja, em que ficam sabendo quais devem ser suas funções e como desempenhá-las da melhor maneira possível. Aprendizado que começa em janeiro e vai até as vésperas da festa. Em maio, houve uma grande reunião para instruções gerais. Em junho, os novos ministros da eucaristia passaram pela fase final de orientações.

O POPULAR acompanhou esse derradeiro encontro com 115 pessoas que se propuseram a ajudar na distribuição das hóstias durante as missas na festa de Trindade. “Nós temos mais de 200 ministros trabalhando todos os anos. Muitos são aqui de Trindade mesmo, mas outros vêm de paróquias do interior”, explica Márcia Cristina, que trabalha no Vicariato de Trindade, na parte que coordena todo esse processo. “Aqui, hoje, temos a preparação do que chamamos de ministros extraordinários. Após a festa, eles podem continuar o trabalho e se tornarem ministros efetivos.”

Nesses momentos, são dadas explicações sobre a tradição de fé no Divino Pai Eterno, de como compreender as leituras feitas nas celebrações, da forma correta de preparar o ambiente para a distribuição da eucaristia. No total, são três tardes de curso, com 3 horas e meia de duração cada. Uma semana antes da festa, é realizada a Missa de Envio, em que se dá a autorização aos aprovados para ministrarem o sacramento. “Estamos neste trabalho desde janeiro, porque há uma triagem feita pelos padres para sabem quem está apto, quem de fato deseja fazer esse trabalho”, diz Márcia.

Essa seleção prévia é necessária porque os voluntários, não só na distribuição das hóstias, são fundamentais no andamento da romaria. Sem eles, a festa ficaria inviável. Márcia, que atuou por cinco anos na secretaria do Vicariato de Trindade, sabe bem o que isso significa. “É um esforço muito intenso, que dura o ano todo.” Outro grupo essencial é o da liturgia, responsável pelos cantos durante as missas, novenas, procissões, terços. No período da festa, cerca de 20 corais, com cerca de 20 membros cada, acompanham as celebrações em Trindade com seus cânticos.

Um dos integrantes é Deyvson Eduardo, 21 anos, desde os 7 participando dos grupos responsáveis pelas canções religiosas. “Estamos sempre ensaiando e durante a romaria adaptamos as canções que já cantamos. Para nós, é mais fácil, porque fazemos isso o ano todo. Mas o ritmo fica mais intenso”, relata o jovem professor de música, que tem um objetivo. “Se Deus quiser, em breve vou estudar para ser maestro.” Segundo ele, foi a igreja que despertou nele a vocação para essa arte. “É gratificante. As pessoas choram durante a celebração e com a música isso fica mais forte.”

A programação exige mais que afinação; requer fôlego. “No Santuário Matriz e no Santuário Basílica, temos celebrações, novenas que começam às 6 horas da manhã e só param às 8 da noite. Vamos nos revezando para cobrir tudo.” Os ensaios são semanais e podem durar até 3 horas. “Nesses momentos, eu me sinto mais próximo de Deus. A música provoca isso”, atesta Deyvson. Ele e seus companheiros de coral já aparecem regularmente nas missas televisionadas pela TV Pai Eterno na Basílica, mas na festa de Trindade há um roteiro diferente a ser seguido.

Com a temática Sede Santo como Vosso Pai é Santo, a festa deste ano foi, teologicamente falando, preparada em abril, quando sua linha mestra foi definida em uma reunião que contou com a presença do arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz. Só então o planejamento visual da festa, como a produção de cartazes e criação de logomarcas, começou. Também a partir dessa decisão são elaboradas as leituras bíblicas a serem realizadas e a linha central que as homilias devem seguir. “É necessário que haja uma afinidade nas pregações realizadas”, argumenta padre Welinton.

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Expediente

Edição Multiplataforma
Silvana Bittencout, Fabrício Cardoso, Rodrigo Alves e Michel Victor Queiroz

Reportagem
Rogério Borges

Edição de fotografia
Weimer Carvalho

Arte
André Luiz Rodrigues

Design
Marco Aurélio Soares

Audiovisual
Carmem Curti
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