Goiânia 89 anos: perfil imobiliário da capital

Capital mais arborizada do país, Goiânia completa 89 anos como a 2ª cidade do Brasil com maior valorização imobiliária

Com cerca de 1,5 milhão de habitantes, cidade possui largas ruas e avenidas e muita verde em parques e praças. Posição geográfica também favorece  valorização.

Por Augusto Sobrinho e Victoria Lacerda, O Popular e g1 Goiás

Completando 89 anos na próxima segunda-feira (24), Goiânia é uma das cidades com a melhor qualidade de vida do Brasil, de acordo com estudo realizado pela Organização de Desafios da Gestão Municipal (DGM). Com cerca de 1,5 milhão de habitantes, a cidade possui largas ruas e avenidas e muita arborização em praças e parques, sendo considerada a capital mais verde do país pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de possuir destaque nacional no crescimento do setor imobiliário, de acordo a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO).


O g1 Goiás e o O Popular publicam uma série de reportagens especiais sobre os 89 anos de Goiânia.


A aniversariante cresce como metrópole, mas consegue manter as tradições do interior em seus bairros residenciais e nos condomínios horizontais. Confira abaixo as particularidades do perfil imobiliário da capital.



Valorização imobiliária

Previsão da Ademi é de que o mercado continue vendendo bem no segundo semestre de 2022 (Foto: Reprodução / Wildes Barbosa)

A última análise do FipeZAP+, que é um indicador que a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) utiliza para acompanhar os preços de imóveis comerciais e residenciais de todo país, mostra que a capital goiana aparece em segundo lugar no ranking de maior valorização dos imóveis do país, com alta de 1,3% em setembro de 2022, comparado ao mês anterior. No acumulado desde o início deste ano, a variação no preço médio de venda de imóveis residenciais registra alta de quase 20%.


Segundo o indicador, Goiânia se destaca no crescimento dos valores em meio a outras capitais, como São Paulo, Vitória e Salvador. No que se refere aos lançamentos, o presidente da Ademi-GO, Fernando Razuk, destaca que os valores dos imóveis registraram uma valorização significativa no último ano. Puxados pela valorização das construções, os residenciais prontos seguiram a mesma tendência.

“Nos últimos 12 meses, a valorização dos imóveis foi acima dos 30%, o que é um número muito bom. Nos próximos meses, essa valorização deve ser menor, mas devemos chegar a pelo menos 10% ao ano. O preço dos imóveis em Goiânia, na comparação com outras capitais, é baixo, e isso abre espaço para uma maior valorização”, afirmou.


Imóveis como investimento

Goiânia está localizada na região central do país (Foto: Reprodução / Wildes Barbosa)

Marina Vilela Herbert é empresária e sócia-diretora da My Broker Imobiliária, que atua em Goiânia há 11 anos. Ela destaca que a venda de imóveis na capital é um atrativo no Brasil e que a posição geográfica da cidade é outro fator positivo, pois “daqui não é longe para o norte e nem para o sul”.


A empresária e o diretor da Urbs Trend Imobiliária, Francisco de Paula, concordam que o mercado imobiliário goianiense é atrativo pelo potencial econômico da capital e, principalmente, pelo m² barato, que atualmente é de R$ 5,6 mil.


Na análise do site FipeZAP+. Goiânia aparece entre as capitais com menor preço médio de venda residencial. São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória estão no topo do ranking, com imóveis sendo vendidos por R$ 10 mil, R$ 9,8 e R$ 9,7 mil, respectivamente. Campo Grande tem o m² mais barato do país, R$ 4,9 mil.


Segundo Mariana e Francisco, esta realidade facilita investimentos de empresários em empreendimentos goianienses.

“Pessoas que moram fora investem em imóveis aqui para alugar ou para aproveitar o final da vida”, afirmou Francisco de Paula.


Apesar da pouca idade em relação a outras metrópoles, Goiânia se destaca no meio delas quando o assunto é o mercado imobiliário. “A capacidade construtiva de Goiânia não perde para outras capitais brasileiras”, enfatizou o diretor da Urbs Trend Imobiliária, que está há 46 anos no mercado.



Bairros mais valorizados

Setor Marista é considerado o bairro mais valorizado de Goiânia (Foto: Reprodução / Douglas Schinatto)

Os empreendimentos que mais se valorizaram estão, normalmente, localizados no Setor Marista, Jardim Goiás e Bueno. A região do Vaca Brava tem o m² mais caro de Goiânia, custando em média R$ 11 mil. Entretanto, esses mesmos bairros também puxam seus vizinhos que acabam embarcando na alta dos preços, pois, segundo Razuk, os conhecidos como setores “limítrofes” também concentram grande parte dos novos lançamentos.


“Também temos visto muitos lançamentos em bairros limítrofes, pois se o cliente não tem condições de comprar no Jardim Goiás, ele compra no Alto da Glória, assim como o Marista tem o Setor Pedro Ludovico ou Bela Vista e o Bueno tem o Jardim América”, explicou.

Para ele, independente do tipo de imóvel e da região, existem compradores interessados.


Qualidade de vida na 'capital verde'

Prédios em frente a uma área verde em Goiânia (Diomício Gomes/O Popular)

Além da posição geográfica ou do valor do m², Goiânia também não perde no quesito qualidade de vida. A arquiteta e urbanista Sandra Pantaleão afirma que, como Goiânia é considerada a cidade mais arborizada do Brasil, isso se torna um grande atrativo, principalmente pelo adensamento da cidade.


O mapeamento do último Censo Demográfico do IBGE, de 2010, constatou que a taxa de arborização de Goiânia é de 89,3%. Na época, a capital possuía mais de 900 mil árvores, de 382 espécies diferentes, isto é, 94 m² de área verde por habitante. Com isso, ela recebeu o título de a cidade mais verde do país, seguida por Campinas, em São Paulo, com a taxa de arborização de 87,5%.

“Pode parecer pouco, mas isso faz uma grande diferença na hora de procurar um imóvel ou uma nova cidade para morar”, explicou.

O estudante de Arquitetura e Urbanismo João Vítor Cavalcanti mora em Goiânia com os pais e a avó. Ele afirma que, quando for morar sozinho, com certeza deve continuar na capital pela praticidade, além de outros pontos.


“Goiânia é uma cidade grande e ao mesmo tempo é um grande interior. Faço todas as minhas coisas indo a pé, pois os lugares são perto”, disse.


Para ele, a cidade oferece uma qualidade de vida maravilhosa. “Goiânia é muito arborizada, tem muitos parques e o custo de vida é relativamente baixo, quando comparamos com outras capitais”, destacou.

Sandra define que a qualidade de vida é um assunto plural e diversificado, pois depende do interesse que o comprador tem.

“Temos dois perfis de prioridades, uma família que já tenha ‘criado os filhos’, com a ‘vida feita’ busca os condomínios expandidos, não se importam com a fluidez do trânsito porque não precisam se preocupar com locomoção. Mas uma família que está sendo consolidada agora, busca sim um local com maior fluidez e bem centralizado”, enfatizou.


Diversidade de imóveis

Clientes optam por morar próximos a escolas, padarias, mercados e, principalmente, o trabalho (Foto: Diomício Gomes/ O Popular)

De acordo com Marina Vilela Herbert, Goiânia tem público para todos os tipos de imóveis, desde o flat à casa. “Aqui tem demanda para todas as áreas, o que depende é o perfil do comprador”, destacou.


Nos últimos dez anos, Goiânia teve uma alta de lançamentos de apartamentos de alto padrão devido à migração dos moradores de condomínios horizontais para os verticais. O presidente da Ademi descreve que esses empreendimentos atendem diferentes perfis, com um ou dois dormitórios para pessoas sem filhos ou maiores para famílias. São imóveis que ficam próximos a parques, como os do Vaca Brava, e que apostam em sustentabilidade e tecnologia.


Até o ano passado, os apartamentos mais lançados na capital foram os de dois quartos, consequentemente sendo os mais vendidos.

“O perfil desses compradores é de pessoas que querem estar perto de tudo, pessoas que não querem enfrentar a dificuldade do trânsito e de uma grande locomoção”, afirmou Razuk.



Contudo, um movimento reverso tem sido percebido pelo mercado. Neste ano, as imobiliárias perceberam que aumentaram as vendas de imóveis com três quartos, que variam entre R$ 250 mil e R$ 400 mil, e que também voltou a demanda por prédios comerciais. Isso revela muito sobre o perfil de comportamento da população goianiense.


Diante do cenário de pandemia desde 2020, o mercado imobiliário encontrou novos desejos e prioridades por parte do público consumidor.


Com uma visão mais simplista no sentido de moradia, os goianienses se reaproximaram da casa como um ambiente seguro e aconchegante. O “novo normal” refletiu nas vendas desses imóveis, que apresentaram um boom nos últimos dois anos.  A previsão da Ademi é que, mesmo com o cenário político “instável” no segundo semestre de 2022, o mercado continue vendendo muito bem.


“O goiano gosta de casa e, por isso, a procura por imóveis em condomínios é maior, principalmente, pela segurança. Entretanto, elas não estão em regiões centrais”, disse Marina.


Planejamento e investimentos

O Sindicato das imobiliárias e condomínios do Estado de Goiás (Secovi Goiás) destaca que o planejamento de onde morar influencia diretamente na qualidade de vida. “Isso faz uma diferença não só na hora de comprar um imóvel mas também na hora de vender, caso a família queira vender”, afirmou o presidente da instituição, Antônio Carlos da Costa.


O mercado imobiliário já percebeu um comportamento bairrista em Goiânia, tendo a maioria dos novos compradores optando por quererem escolas, padarias, mercados e principalmente o trabalho próximo de casa. Com isso, além de imóveis, os empreendimentos comerciais também apresentam crescimento aqui na capital, mesmo distantes das regiões centrais

“Os condomínios estão puxando Goiânia para outras regiões longe dos centros, pois o público atrai prestadores de serviços, o que se torna um alto investimento onde os imóveis são construídos e atraem minis centros para as regiões”, afirmou a empresária Marina. Ela descreve que pequenos “centros” estão sendo criados em diversas regiões.


Expediente

Edição Multiplataforma

Elisângela Nascimento, Millena Barbosa, Paula Resende e Pedro Nunes


Reportagem

Augusto Sobrinho, Danielle Oliveira, Giovanna Campos, Jamyle Amory, Kariny Bianca, Leicilane Tomazine, Michel Gomes, Thauany Melo, Ton Paulo, Vanessa Chaves, Victoria Lacerda, Vinícius Silva e Vitor Santana

Design

Marco Aurélio Soares


Audiovisual

Vitor Santana e Michel Gomes


Arte

Patrick Guimarães e Ricardo Machado


Imagens de apoio

Zé Washington e Diomício Gomes



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