Elas não desistem

Atendendo doentes, limpando UTIs, pesquisando o vírus ou mesmo dando exemplos de superação, conheça mulheres que, de diferentes maneiras, têm lutado contra a pandemia

No dia 26 de fevereiro do ano passado, o Brasil registrou seu primeiro caso de Covid-19. No dia 17 de março de 2020, ocorreu o primeiro óbito no País por conta da doença. Desde então, atravessamos um ano cheio de perdas e tristezas, de incertezas e medos, de adiamento de planos e de distanciamento de quem amamos. Mas também foi um ano em que houve vitórias contra o vírus - no desenvolvimento de vacinas, no conhecimento de práticas terapêuticas mais eficientes em hospitais, na sobrevivência à doença. E conquistas por parte de pessoas que, mesmo sob as ameaças de uma tragédia coletiva, encontraram forças para resistir nessa luta.

Você vai conhecer neste material especial em homenagem ao Dia Internacional da Mulher a história de quatro delas que, de diferentes formas, estão nesse grupo resiliente, que enfrentou a pandemia para nos trazer a possibilidade da cura, o cuidado necessário a quem precisou, que deu exemplos de força e otimismo diante de feridas profundas que a Covid pode provocar. São mulheres que agiram em prol do próximo e que, cada qual em sua área, deram exemplos positivos, buscaram ânimo para continuar e incentivar outras pessoas a seguir o mesmo caminho. Mulheres que fizeram a diferença nesse momento tão difícil.

Uma delas é a médica e pesquisadora Cristiana Toscano, professora da UFG que integrou esforços internacionais em busca de implementar e acelerar a vacinação contra a Covid em todo o mundo. Morando em Goiânia há dez anos, ela conta como foi esse trabalho, que envolveu seus conhecimentos sobre infectologia, epidemiologia e saúde pública. Nascida em uma família que sempre valorizou o conhecimento e a ciência, ela revela como lidou com um turbilhão que modificou sua vida, profissional e pessoal, e o que espera do futuro. Acometida pela doença, ela se recuperou e hoje permanece na busca por soluções científicas para o caos.

Em outra ponta no combate aos efeitos do vírus, conhecemos Jovelina Maria Ribeiro, que há um ano atua no Hospital de Campanha contra a Covid (HCamp), em Goiânia, higienizando as UTIs da unidade. Ela conta suas experiências num trabalho que era totalmente novo em sua vida e como estar no centro nevrálgico do tratamento dos casos mais graves da doença mudou sua visão de mundo. Um aprendizado que levou para seu cotidiano, para a relação com a sua família e que a fez descobrir um talento que ela própria afirma que não sabia que possuía: o de cuidar de outras pessoas. 

O POPULAR também falou com a médica Anna Eugênia Naves, que cuida de dezenas de vítimas da doença no mesmo HCamp. Recém formada, ela se viu, quase que repentinamente, diante de um desafio imenso em sua profissão, dando assistência e lutando pela vida de outras pessoas sem tanto tempo para processar as próprias dores. Logo quando começou a atuar na linha de frente, ela perdeu um tio para a doença e, agora, não sabe se o casamento planejado para junho poderá ser realizado. O que ela sabe é que seu compromisso com os pacientes é sagrado, o que a faz trabalhar até nos dias de folga para vê-los recuperados.

Por fim, conhecemos a comerciante Cinthya Fernandes, que consegue manter o otimismo quanto ao futuro mesmo tendo sido atingida em cheio pela doença. Depois de passar cinco dias internada em uma UTI, ela perdeu a mãe para o novo coronavírus e viu quase toda a sua família ser infectada. Do medo que se alastrou, ela conseguiu construir outro olhar sobre a vida, com menos peso e mais gratidão. Quatro mulheres diferentes, unidas por suas experiências com a Covid-19. Quatro mulheres que demonstram que mesmo em meio a uma catástrofe de proporções

gigantescas, é possível colher histórias inspiradoras.