Pet places, comedouros em praças e hospital público veterinário: Saiba como Goiânia trata os seus animais

Pet places, comedouros em praças e hospital público veterinário: Saiba como Goiânia trata os seus animais

Cidade possui mais de 20 playgrounds distribuídos em parques e praças. Voluntários também trabalham para ajudar cães e gatos de rua. 

Danielle Oliveira e Giovanna Campos, g1 Goiás e O Popular 

Basta ir a alguma praça ou parque de Goiânia que é possível encontrar várias pessoas caminhando junto aos seus pets de estimação. A capital de Goiás, que completa 89 anos na segunda-feira (24), possui diversos playgrounds para os animais, além de comedouros e bebedouros espalhados, de graça, pela cidade. Além disso, muitos voluntários tentam ajudar os animais de rua da forma que podem. 


O g1 Goiás e o O Popular publicam uma série de reportagens especiais sobre os 89 anos de Goiânia.


Goiânia, que tem aproximadamente 1,5 milhão de habitantes, conta com cerca de 300 mil cachorros, sendo quase 30 mil deles em situação de abandono, segundo a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO). A pasta não possui uma estimativa de número de gatos na capital.


Com tamanha expressividade no numero de pets, a cidade possui diversas opções de lazer para os bichinhos de estimação. Nas praças e parques, Goiânia tem mais de 20 pet places, sendo alguns deles administrados pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e outros pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma). 


Para atender, principalmente, os animais de rua, a Prefeitura de Goiânia distribuiu comedouros e bebedouros em parques da cidade. Já para os animais de pessoas de baixa renda, a capital possui um Centro de Saúde e Bem Estar Animal, que oferece consultas e atendimento ambulatorial. 



Karine Guimarães Artiaga passeando com o cachorrinho Antônio pelo Parque Flamboyant, em Goiânia (Foto: Danielle Oliveira/g1)

Parques e praças 

A gestora de recursos humanos Karine Guimarães Artiaga, tutora do cachorrinho Antônio, que tem 13 anos, leva o pet para passear todos os dias no Parque Flamboyant, na capital. Ela conta que esse passeio faz bem tanto para ele quanto para ela.

“Eu costumo trazer ele todos os dias, duas vezes por dia. Apesar de ele estar velhinho, ele gosta bastante. É uma terapia tanto para ele quanto para mim. A gente gosta muito”, disse Karine.

Ela conta ainda que, diariamente, encontra diversos animais no parque. Ela acredita que o goianiense é muito adepto de levar os cães para passear. 


“Encontro bastante gente passeando com cachorro. Eu até evito vir quando tem muitos animais, porque ele [Antônio] não se adapta muito bem. Ele não é um cachorro sociável, mas eu gosto muito de trazê-lo”, contou.

Comedouro e bebedouro da Amma no Parque Flamboyant (Foto: Danielle Oliveira/g1)

Assim como no Parque Flamboyant, a Amma instalou, em 2021, comedouros, bebedouros e pet places em vários parques de Goiânia. Ao todo, são dez locais com ração e água disponíveis para animais e oito com playgrounds (veja listas abaixo). 


A secretária executiva da Amma Rebecca Chaves conta que a prefeitura criou os comedouros para atender, principalmente, os animais de rua. 

“Os comedouros estão para favorecer os cães em situação de rua que frequentam o parque e, da mesma forma, para aqueles tutores que os trazem para passear. Fica à disposição, com placas de sinalização, para que os cães tenham esse alimento aqui”, disse a secretária.

Ela conta ainda que a Amma faz a manutenção e a reposição dos alimentos e da água disponibilizada aos pets, mas que os próprios moradores também podem fazer essa doação. 

Pet place localizado no Parque Flamboyant, em Goiânia (Foto: Giovanna Campos/O Popular)

A secretária contou ainda que o órgão tem autorização para fazer “compras diretas”, sem necessidade de licitação, o que facilita para comprar ração para os animais. 


Já em relação aos pet places, que são playgrounds que possuem aparelhos para atividades físicas e recreativas para pets, são oito administrados pela agência. As estruturas contam com arcos de pneus, barras de obstáculos, túnel e rampa com degraus para fortalecimento muscular dos pets. 


Locais dos comedouros da Amma

  • Parque Cascavel, no Setor Jardim Atlântico 
  • Parque Flamboyant, no Setor Jardim Goiás 
  • Parque Leolídio di Ramos Caiado, no Setor Goiânia 2
  • Parque Lago das Rosa, no Setor Oeste 
  • Parque Linear Macambira Anicuns, no Setor Faiçalville 
  • Parque Carmo Bernardes, no Setor Parque Atheneu
  • Bosque dos Buritis, no Setor Oeste
  • Jardim Botânico, no Setor Jardim Santo Antônio
  • Núcleo Socioambiental do Puama, no Setor Residencial Celina Park
  • Entrada da própria sede da Amma, no Setor Central 

Locais dos pet places da Amma 

  • Parques Leolídio de Ramos Caiado, no Setor Goiânia 2
  • Parque Flamboyant, no Setor Jardim Goiás 
  • Parque Vaca Brava, no Setor Bueno 
  • Parque Cascavel, no Setor Jardim Atlântico
  • Parque Carmo Bernardes, no Setor Parque Atheneu
  • Parque Sabiá, no Setor Parque das Laranjeiras
  • Parque Nova Esperança, no Setor Jardim Nova Esperança
  • Parque das Flores, no Setor Parque das Flores

Comedouro e bebedouro para pets comunitário, em Goiânia (Foto: Danielle Oliveira/g1

Já a Comurg, que é responsável pela administração das praças, possui 14 pet places espalhados em vários setores (veja lista abaixo). A estrutura deles é composta por quatro aparelhos para atividades físicas e recreativas dos cães e gatos.

Locais dos pet places da Comurg 

  • Praça da Avenida T-52, no Setor Bueno
  • Praça do Triângulo, no Setor Alto da Glória
  • Praças do Sol, Setor Oeste
  • Praça das Artes, no Setor Jardim Goiás
  • Praça dos Namorados, no Setor Parque das Laranjeiras
  • Praça Santa Terezinha, no Bairro Vila João Vaz
  • Praça Faiçalville, no Setor Faiçalville
  • Praça Tamanduá, no Setor Vila Nova
  • Praça do Colégio, no Setor Parque Atheneu
  • Rua P-19, no Setor dos Funcionários
  • Praça Tarsila do Amaral, Setor Jardim Abaporu
  • Praça 1° de Fevereiro, Setor Vila Pedroso
  • Praça do Ipê, no Setor Bueno 
  • Praça do Setor Novo Horizonte

Centro de Saúde e Bem-Estar Animal 

Em novembro deste ano completa dois anos que foi inaugurado o Centro de Saúde e Bem-Estar Animal de Goiânia. A capital é a primeira do centro-oeste a ter um hospital público veterinário. Para receber atendimento no local, o tutor deve comprovar que é de baixa renda. 


No local, que também é administrado pela Amma, é oferecido, a princípio, atendimento ambulatorial e consultas.

“Hoje nós trabalhamos com serviços de natureza ambulatorial, como curativos, vacinação em época de campanha em parceria com a Zoonose e consultas”, contou Rebecca. 

Apesar disso, existe uma previsão de que, em uma segunda etapa, seja oferecido atendimento clínico, exames laboratoriais, cirurgias e outros serviços - a Amma não estimou quando isso deve acontecer. 


Voluntários e ONGs

Gato que vive na Casa Gatil, do grupo Miau Auau, em Goiânia (Foto: Danielle Oliveira/g1)

Com quase 30 mil cachorros em situação de abandono, conforme estimativa da SES-GO, a capital possui diversos voluntários e Organizações Não Governamentais (ONGs) que tentam ajudar os pets de diversas formas. 


Uma destas voluntárias é a vendedora autônoma Andrea Mastrangelo Falcão Lupo. Atualmente, ela tem 14 cachorros, sendo que nove deles foram resgatados da rua ou de situação de maus-tratos. Andrea conta que sempre amou animais e, por isso, usa quase toda a renda dela para ajudar da forma que pode. 

“É um amor que é inexplicável. Inclusive, eu poderia até ter mais dinheiro no bolso, ter um carro melhor, mas não. Eu prefiro gastar com meus animais. Hoje, o que eu faço das minhas vendas é só cuidar dos animais”, contou. 

Uma das cachorrinhas adotadas pela vendedora Andrea Mastrangelo, em Goiânia (Foto: Giovanna Campos/O Popular)

Andrea conta ainda que, assim que adota um novo pet, faz questão de levar ao veterinário para verificar se está tudo bem e também para vaciná-lo. Depois, quando ela consegue um dinheirinho, investe na castração.

“A primeira coisa que eu faço é levar para vacinar e tomar banho. E levo para castrar. Melhora muito [a qualidade de vida]. A Guerreira [cadela], que é velhinha, estava magrinha, agora, depois que a castrei, melhorou 100%”, contou. 

A Associação de Proteção aos Animais Miau Auau é uma das ONGs de Goiânia que também faz trabalhos para ajudar os animais. O grupo atua há 10 anos e, há 7, realiza uma campanha de castração solidária, que oferece a cirurgia com preços mais acessíveis do que em clínicas particulares. Segundo Camila Amorim, que é presidente do grupo, atualmente o trabalho da ONG é focado na castração seguida de adoção. 

“A gente realiza eventos de adoção na Grande Goiânia, apoiamos e ajudamos protetores independentes que se inscrevem. A gente realiza campanhas de castração, com preços mais acessíveis, em Goiânia e Aparecida”, explicou.

Gato que vive na Casa Gatil, do grupo Miau Auau (Foto: Danielle Oliveira/g1)

Outra ação do grupo é a Casa Gatil, que cuida de 60 gatos adultos atualmente. A associação também possui “lares temporários” para preparar cães para serem adotados. 

“Todos gatos foram resgatados de situação de abandono e maus-tratos. Estão castrados e disponíveis para adoção. Também temos os projetos de lares temporários onde preparamos os animais para adoção, onde eles possam ser encaminhados aos eventos de forma responsável”, disse. 

Camila conta que é difícil conseguir pessoas que queiram adotar gatos adultos e que, mesmo após a adoção, o risco de abandono é grande. Por isso, a ONG faz uma triagem especial quando vai doar algum destes animais.

“90% das pessoas que nos procuram para adotar só estão dispostas a adotar um filhote e alegam a mesma coisa: adaptação. É importante dizer que animais adultos também têm suas vantagens. É um animal que você já conhece a personalidade e já sabe como ele se sente em relação aos outros. Toda adaptação, com esforço e carinho, é possível”, afirma. 


Castração solidária 

Cachorro adotado durante feira de adoção do grupo Miau Auau, em Goiânia (Foto: Giovanna Campos/O Popular)

A campanha de castração solidária, oferecida pelo Miau Auau, é uma campanha permanente, que acontece durante todo o ano. As cirurgias são feitas de segunda-feira a sábado, em quatro clinicas parceiras da associação em Goiânia e Aparecida de Goiânia. 


Para se inscrever, o interessado deve enviar um e-mail para castracaogrupomiauauau@gmail.com com uma foto do cão ou gato e aguardar o retorno do grupo. A previsão é que a resposta chegue em até cinco dias úteis.

“Para os gatos, as castrações são a partir de R$ 100. Castrações de cães são a partir de R$ 170, dependendo do sexo e peso do animal”, detalhou.


Legislação

Com dois projetos aprovados e um em tramitação, a causa animal esteve em alta na Câmara Municipal de Goiânia, na sessão do dia 11 deste mês. Agora, cidadãos que se dedicam a deixar alimento e água para cães e gatos em espaços públicos, como praças, poderão ser protegidos pela alteração que será instituída no Código de Posturas do Município.


Outra mudança recai no calendário da prefeitura, denominando o último mês do ano como “Dezembro Verde”. O projeto prevê iniciativas de conscientização contra o abandono dos animais. Por fim, uma pauta, ainda em trâmite, aplica 10% de desconto no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) das pessoas que mantém abrigos de animais.


Aprovado pelos vereadores, o projeto será encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) para a redação final, sofrendo as correções de linguagem que se fizerem necessárias, sem que se altere o sentido da proposta. A redação final será elaborada dentro de cinco sessões ordinárias consecutivas, a contar da aprovação do projeto.


A próxima etapa é a sanção, ou seja, a concordância do prefeito com o projeto de lei aprovado pelos vereadores. Caso o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) sancione o projeto, ele o transforma imediatamente em lei.


Expediente

Edição Multiplataforma

Elisângela Nascimento, Millena Barbosa, Paula Resende e Pedro Nunes


Reportagem

Augusto Sobrinho, Danielle Oliveira, Giovanna Campos, Jamyle Amory, Kariny Bianca, Leicilane Tomazine, Michel Gomes, Thauany Melo, Ton Paulo, Vanessa Chaves, Victoria Lacerda, Vinícius Silva e Vitor Santana

Design

Marco Aurélio Soares


Audiovisual

Vitor Santana e Michel Gomes


Arte

Patrick Guimarães e Ricardo Machado


Imagens de apoio

Zé Washington e Diomício Gomes



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